Eternos - resenha (COM SPOILERS)
- Angers Moorse
- 12 de nov. de 2021
- 9 min de leitura

Salve salve, galera! Depois de um tempo sumido por conta de questões pessoais, voltei para falar um pouco sobre Eternos, o novo filme do MCU. O filme dividiu opiniões e causou aquele frisson nas redes sociais. Mas, afinal: o filme é bom ou ruim? Falarei um pouco sobre o que achei do filme (com possíveis spoilers).
Inicialmente, é impossível falar do filme sem cair em algumas polêmicas, mas tentarei ser o mais imparcial possível na análise. De cara, preciso contestar a opinião dos críticos e de alguns espectadores que acharam o ritmo do filme muito arrastado… sinceramente, nem vi o tempo passar.
O filme teve um ritmo bem interessante do início ao fim. Aliás, os primeiros minutos do filme já começam dando susto e mostrando que a diretora Chloe Zhao não estava ali para brincadeiras. A primeira cena de luta entre os Eternos e os Deviantes me fez dar um baita pulo da cadeira (e não foi literalmente).
Visualmente, o filme é IMPECÁVEL! Fiz questão de destacar o adjetivo com letras maiúsculas propositalmente porque o filme é um espetáculo visual. Por ser um filme sem o uso de Chroma Key e totalmente filmado em ambientes e cenários reais, a equipe técnica precisou trabalhar muito usando a tecnologia para compensar a iluminação natural em muitas cenas, de modo a corrigir eventuais falhas mas sem deixar as coisas soando como artificiais demais… ponto mais que positivo para todo o staff técnico do filme, embora com algumas cenas um pouco mais escuras que o habitual.
Em relação à trilha sonora, Ramin Djawadi foi perfeito e conseguiu criar composições tão profundas e intensas que é impossível você não se conectar com elas. Você pode não o conhecer tão bem assim, mas vários de seus trabalhos certamente já são conhecidos apenas nos acordes iniciais. Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2004), Blade: Trinity (2004), Batman Begins (2005), Homem de Ferro (2008), Círculo de Fogo (2013) e Westworld (2016) são algumas dessas obras assinadas pelo compositor.
Voltando a falar de Chloe, a diretora conduziu muito bem o filme do início ao fim, dando certo ar de contemplação, religiosidade e destaque à beleza estética em grande parte das cenas. A caracterização dos Eternos em seus uniformes oficiais e também dos Deviantes é maravilhosa, usando e abusando das cores.

Falando nos Deviantes, lembram bastante uma mistura dos dinos da franquia Jurassic World com o vilão do filme Predador. Os bichos deram muito trabalho aos heróis e não pouparam esforços para mostrar seu potencial destrutivo… curti demais.
Entre os Deviantes, certamente o destaque é para Kro (dublado por Bill Skarsgård), o líder dos monstrengos. E se você nunca leu os quadrinhos sobre os Eternos, saiba que Kro teve um relacionamento amoroso com Thena (interpretada pela nossa diva Angelina Jolie). Mesmo ela sendo a Deusa da Guerra, achei que Kro ia dar um fim nela… por sorte, isso não aconteceu.
Sobre o elenco, acredito que tenha sido escolhido depois de uma noite muito inspirada, pois achei que cada ator se encaixou direitinho em seu respectivo papel. A começar por Thena, com Jolie arrebentando no papel e mostrando que além de caras e bocas ela tem muita bala pra gastar.
Só a cena daquela espada de energia conjurada por ela já valeu o ingresso… quero uma espada daquelas pra mim! Outro ponto interessante é que Thena era a única que ainda tinha suas memórias mantidas pelos Celestiais (falaremos deles mais à frente).
Esse detalhe fazia com que ela apresentasse comportamento tototalmente instável e se não fosse por Gilgamesh (Don Lee), as coisas teriam ficado muito feias. A relação de Thena e Gilgamesh foi a coisa mais linda de se ver, muito fofos os dois juntos! E a cena da morte dele foi de cortar o coração… doeu em mim o choro de Thena ao ver seu amado morto.
Kingo (Kumail Nanjiani) trouxe o alívio cômico para o filme, mas sem aquelas piadas constantes e por vezes irritantes que víamos dentro do UCM. Ao lado de seu mordomo e melhor amigo Karun (Harish Patel), teve piadinha, gracinha, pegação de pé e zoação, mas tudo no momento certo e na dose certa. Nada de exageros, pois quando o pau pegava, Kingo mostrava que era fodástico.
Por sua vez, Phastos (Brian Tyree Henry) era uma espécie de Tony Stark muito mais evoluído e com muito mais tecnologia à disposição. Aliás, uma teoria que começou a rolar por aí é de que os anéis de Shang-Chi podem ter sido criados pelos Eternos… quem sabe, até mesmo pelo próprio Phastos. Seria muito louco ter esse tipo de conexão dos Eternos com Shang-Chi… só o futuro nos dirá.
Outro detalhe sobre Phastos e que causou aquela polêmica nas redes sociais foi o fato de ele ter sido o primeiro personagem gay oficial do UCM. A interação dele com seu parceiro Ben (Haaz Sleiman) e do filho pequeno deles foi muito bonita, natural e gostosa de se ver. Na cena do beijo entre os dois, senti aquela tensão no ar dentro da sala do cinema, mas nada de vaias… ainda bem que o pessoal que estava na minha sessão foi gentil e educado.
Inclusive, essa cena do beijo foi um dos fatores de ter o filme banido em alguns países mais conservadores, principalmente de cultura oriental. Minha opinião? Não vi nada de mais e achei que conseguiram colocar muito bem essa temática sem levantar bandeira ou querer lacrar em tela. Mais um ponto positivo para o filme!
Druig (Barry Keoghan) foi outro personagem que curti pra caramba… e um dos que mais me trolou no filme. Contrariando todas as expectativas que o apontavam como o traidor dentro dos Eternos, ele foi um baita herói e um cara com uma visão macro absurda. Isso sem contar os poderes de manipulação e certo nível de ética moral do personagem, que me deixaram em dúvida sobre seus reais propósitos. Fazendo um paralelo, vejo ele como o Severo Snape da Marvel.
Makkari foi outro personagem que roubou a cena quando apareceu. Diferente dos quadrinhos (Makkari nas HQs é um homem), no filme ele é interpretado pela atriz Lauren Ridloff, que é surda. E eu achei isso uma ótima sacada da direção, pois a atriz foi impecável em todos os momentos e(pasmem) chegou a me impressionar muito mais que o Flash do Snyder Cut… e olha que eu pirei com o Flash da Liga da Justiça de Zack Snyder… para vocês sentirem o nível de Makkari no filme!
Sprite (Lia McHugh) foi outra personagem que me impressionou logo em sua primeira aparição. Simplesmente, achei ela sensacional, principalmente em sua relação (ou sua tentativa de relação) com Ikaris. Para mim, Sprite foi um dos destaques do filme e um dos meus personagens favoritos, e muito disso deve-se à sua intérprete, que deu um show!
Antes de falar sobre Ikaris, preciso falar sobre Sersi (Gemma Chan). Sabe quando você se apaixona pela personagem (e pela atriz) logo na primeira cena? Esperava ver isso acontecer com Angelina Jolie (e aconteceu), mas a Sersi foi surreal! A atriz já é muito bonita, mas conseguiram deixar ela ainda mais deslumbrante… coração bateu forte com a beleza e a atuação dela!
Uma das coisas mais bacanas sobre Sersi foi ela ter herdado os poderes de Ajak (Salma Hayek), a única capaz de ter comunicação direta com os Celestiais. Aliás, a morte de Ajak foi uma das coisas que me pegou muito de surpresa no filme. E não só o fato da morte dela, mas a forma como isso aconteceu… e isso tem ligação com o personagem mais FDP do filme. Faltou alguém aí nessa lista, não é?
Não, não é Dane Whitman (Kit Harington), muito menos Arishem, O Juiz (na voz de David Kaye). Para mim, ainda mais vilão que Kro foi o próprio Ikaris (QUÊ???) Sim, o “Superman” da Marvel foi, na verdade, o traidor da turma, sendo responsável indiretamente pela morte de Gilgamesh e diretamente pela morte de Ajak! Sim, você não leu errado… o disgraçado matou Ajak com a ajuda dos próprios Deviantes!
E aí você pode estar se perguntando: por que diabos o personagem mais forte dos Eternos faria uma traição desse tamanho? Obediência cega ao seu líder Arishem, O Juiz. E esse foi outro ponto muito bacana e pertinente nos dias atuais que o filme trouxe: até onde vai a cegueira humana (ou não humana) ao obedecer e seguir um líder tirano? Vale a reflexão.

Agora, vamos começar a falar sobre os Celestiais e seu plano maligno (ou não). Quando Arishem revela a Sersi qual é a verdadeira missão dos Eternos na Terra, temos uma reviravolta absurda na trama e nossa cabeça quase frita relembrando do grande vilão da Fase 3 do UCM. E se Thanos, na verdade, fosse um herói?
Não, eu não fiquei maluco, se foi isso que você pensou. A verdadeira missão dos Celestiais não é ajudar a humanidade a evoluir e prosperar nos planetas, mas sim evoluir as civilizações para que elas se tornem fonte de energia (e rango) para o despertar de um novo Celestial que, por sua vez, criará novos universos e lançará suas sementes em outros mundos, fazendo com que o ciclo de vida e morte, destruição e renascimento seja eterno e que os Celestiais possam se multiplicar infinitamente.
E é justamente aí que começa a treta entre eternos, Deviantes e Celestiais. Afinal, foram os próprios Celestiais quem criaram os Deviantes para ajudar as civilizações a evoluírem. Porém, os próprios Deviantes começaram a usar essas civilizações como sua refeição. Na intenção de combater os Deviantes, os Celestiais criam os Eternos e após cada mundo destruído, apagam as memórias deles para que não se lembrem de mais nada.
O fato de apenas Thena ter sua memória intacta não é explicado no filme, dando um gancho interessante para uma futura continuação. Com a revelação de Arishem a Sersi, alguns Eternos decidem impedir que Tiamut, o Celestial Sonhador desperte no planeta Terra e o extermine completamente. Essa foi outra cena incrível no filme e me deixou no hype para uma futura continuação.
Mas voltando ao Thanos, lembra-se de que ele queria exterminar (e conseguiu por um tempo) exterminar metade da vida no universo aleatoriamente? E se ele soubesse dos planos dos Celestiais e, após tentar alertar o povo de Titã de que isso aconteceria lá e não ter tido sucesso, ele resolveu tentar salvar os outros planetas da extinção total usando as Jóias do Infinito?
Ao eliminar metade das vidas no universo, ele teria salvo metade das pessoas e tirado a fonte de energia necessária para que os novos Celestiais despertassem. E, com a reversão do estalo pelos Vingadores, a condição ideal para o nascimento de Tiamut e a eliminação da Terra fosse alcançada... se não fosse pela união dos Eternos.
No final das contas, apenas a cabecinha e a palma da mão de Tiamut é que deu as caras surgindo do oceano, ficando paralisado em seguida por conta do poder da Unimente, uma força surgida da união dos Celestiais e a concentração dos poderes de todos eles em um único membro, que, no caso, foi em Sersi.
Curiosidade: no filme Vingadores: Ultimato, quando Natasha Romanoff está em reunião virtual com uma das Dora Milaje e ela informa que houve um tsunami no oceano de intensidade nunca vista, muitas pessoas imediatamente relacionaram o fato com Atlântida e Namor. Mas, e se tivesse sido justamente o surgimento de Tiamut?
Com isso, os Atlantes poderiam vir à superfície por conta de uma fenda aberta no oceano por conta do nascimento do Celestial Adormecido e eles resolvessem lutar contra os terráqueos. Há boatos que afirmam que Namor estará em Wakanda: Forever e essa vinda pode ter relação com o filme Eternos. Olha aí a Marvel unindo os pontos!
No final das contas, Ikaris se mata indo em direção ao Sol, três dos Eternos (Kingo, Phastos e Sersi) são sequestrados por Arishem (numa aparição mitológica), Sprite se torna humana e Thena, Druig e Makkari voam com a nave Dome (a nave dos eternos) para o multiverso em busca de outros Eternos… e temos um baita gancho para um segundo filme!

Mas as surpresas não param por aí. Na primeira cena pós-créditos, quem surge na Dome é Pip, o Troll (completamente bêbado) e ele faz as apresentações para Eros, também conhecido como Star Fox, o irmão de Thanos (interpretado pelo músico Harry Styles). Só na primeira cena, a mente já bagunçou com as milhões de possibilidades abertas para o futuro… vem coisa gigantesca por aí!
Já a segunda cena traz Dane em uma mansão abrindo uma caixa e decidido (mais ou menos) a empunhar a Espada de Ébano, quando uma voz misteriosa pergunta se é realmente necessário fazer aquilo. A voz é de ninguém mais ninguém menos que Mahershala Ali, o novo Blade do UCM! Já pensou as tretas entre eles, Drácula e Mephisto? Insanidade pouca é bobagem para o futuro do UCM!
Em resumo: um filme esteticamente perfeito, empolgante, com personagens incríveis e que fez jus à expectativa. Alguns pequenos detalhes deixaram a desejar (como o fato de Kingo abandonar a luta no momento mais crucial sem mais nem menos), mas nada que justifique aqueles 59% de aceitação do Rotten Tomatoes ou as críticas negativas dos especialistas em cinema.
Considero Eternos o filme mais inteligente e cabeça do UCM e meu segundo filme favorito, perdendo somente para Vingadores: Guerra Infinita… e só por causa do Thanos, que foi perfeito como vilão! Se não fosse por ele, Eternos estaria no meu topo da lista.
Para você que estava acostumado com o padrão piadinha, pancadaria e adrenalina explícita dos outros filmes do UCM, é hora de abrir a sua mente e se deixar levar pelo novo nível que a Marvel pretende trazer. Minha próxima aposta para surgir no UCM são os Filhos da Meia-Noite, uma formação muito mais voltada para o lado místico e aterrorizante da Marvel.
Já pensaram em Blade, Cavaleiro Negro, Cavaleiro da Lua, Motoqueiro Fantasma, Doutor Estranho e mais uma galera de peso chegando apra barbarizar no UCM? Depois dessa formação, as duas próximas coisas que quero ver chegar são o Hulk Maestro vindo para matar geral e o Thanos lutando ao lado dos Vingadores.
Sim, porque depois desse filme, descobri porque gostei tanto do Thanos: o cara é um herói mal-compreendido (se ele realmente sabia dessa missão dos Celestiais). Só lembrando que ele é um Eterno, mas que possui a síndrome de Deviante, que lhe dá um aspecto assustador. E eu não ficaria nem um pouco surpreso de ele lutasse ao lado dos Eternos contra os Celestiais. Seria épico!

Semana que vem estarei trazendo uma resenha do filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, que estará disponível no Disney+ a partir de hoje (12 de novembro). E a partir do dia 24 de novembro teremos resenhas semanais da série Hawkeye. Nos vemos em breve… se ninguém fizer besteira e Tiamut acordar de vez!
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