Jane Eyre (2011)
- Gisele Alvares Gonçalves
- 5 de nov. de 2021
- 4 min de leitura
Olá, damas e cavalheiros, tudo bem com vocês? Que bom vê-los por aqui! Confesso que, para hoje, eu havia decidido fazer a resenha de um outro filme estrelado pela Mia Wasikowska, que é o bastante popular Alice no País das Maravilhas... Porém eu assisti ao longa e, por Deus, eu odiei! Não a atuação, é claro, visto que a Disney só contratou nome de peso, porém o roteiro fraco, raso e bastante previsível. Talvez um dia eu faça uma resenha falando todos os motivos pelos quais eu detestei este filme, porém hoje eu queria fazer elogios, então eu voltei a um velho confiável, um longa-metragem que considero uma obra-prima perfeita, que é Jane Eyre.
Ok, falar bem de uma versão cinematográfica de um clássico da literatura do século XIX é uma trapaça, porque basicamente você sabe que o roteiro vai ser profundo e bem escrito (a não ser que você esteja vendo Alice no País das Maravilhas... Ok, parei). Ainda assim, não foi apenas o roteiro que me encantou nesta versão, mas sim as decisões do diretor Cary Joji Fukunasa. Absolutamente tudo, desde a escolha de atores até a fotografia e trilha sonora é basicamente perfeita, dando um clima de ultrarromantismo que eu amo para a produção. Tudo é meio fantasmagórico, cinza e obscuro, ainda mais nas cenas noturnas, quando somente temos as luzes das velas a iluminar os rostos dos personagens. Vocês não sabem o quanto eu amo este tipo de estética! Chega a dar um leve tom de terror ao filme, mas sem disfarçar que se trata de uma história de romance.

Cary Joji Fukunasa deu um ar sério para a recriação histórica, outro fato que eu amei... Até mesmo a trilha, ainda que profundamente emocional e composta dentro da sensibilidade do século XXI, ainda nos remete muito à época da história pela escolha de instrumentos. Além disso, os figurinos são fantásticos nesse quesito também! Tirando alguns detalhes fantasiosos, como o chapéu rendado que a Jane usa quando volta à mansão, tudo poderia ser uma cópia fiel de alguma peça de museu. Como se não bastasse, as escolhas das cores dos tecidos são bastante artísticas, mantendo-se em uma paleta básica de bege, cinza e tons pastéis ou escuros, sem qualquer indício de um laranja vibrante ou um rosa-choque, destacando assim a melancolia que pulsa através de toda a produção.
A metáfora que compara os sentimentos da personagem ao clima chuvoso e tempestuoso é um clássico, porém filmado com maestria em Jane Eyre também. A névoa e os trovões, a majestade da natureza comparado com o quanto Jane sente-se pequena é bastante significativo... E que tomadas amplas e bem escolhidas, naquele pântano desolador e morto, sem uma alma viva à volta... Dá pra sentir a solidão da protagonista, bem como o desconforto da chuva e do frio em sua pele. Definitivamente a minha cena preferida do filme todo, e isso que esse filme é apenas feito de cenas preferidas!
Jane Eyre é um filme que lembra muito outros clássicos imortais e inesquecíveis, como O Jardim Secreto (1993) e Madame Bovary (2014), não tanto pelo foco da história, que neste caso é o romance, mas pelas escolhas artísticas e identidade visual. Deus, como sinto falta dessa estética! Mas parece que ela morreu, dando lugar a filmes que são quase cem por cento feitos em CGI, mesmo em cenas que não precisam ser assim, com designs exagerados e irreais (cof cof, Alice no País das Maravilhas, cof cof).

Ok, hora de falar de atuação! Que, neste caso, é perfeita... Só dar uma olhadinha nos nomes de peso que temos, inclusive para personagens bastante secundários. Afinal, quem não deu um grito ao ver a Judi Dench (Shakespeare Apaixonado, Orgulho e Preconceito, Assassinato no Expresso do Oriente), a Tamzin Merchant (The Tudors) e a Holly Grainger (The Borgias)? Além, é claro, da nossa queridíssima Mia Wasikowska, que você provavelmente conhece daquele filme ruim que estamos a toda hora mencionando, como também do maravilhoso Madame Bovary (2014). Aliás, para quem é fã da Mia, boas notícias: eu pretendo acompanhar vários filmes marcantes da carreira dela e resenhar aqui, realizando ao final uma matéria exclusiva sobre a sua atuação. Não perca!
Enfim, Jane Eyre... Um filme que prova que mulheres são fascinadas por CEO frios e misteriosos desde o século XIX, porém com muito mais desenvolvimento e profundidade do que o best seller de nossa época, o famigerado Cinquenta Tons de Cinza. Um filme sensível e delicado, somente para quem aprecia a poesia de um romance bem contado, sendo parada obrigatória para todas as Austen Fans que já viram Orgulho e Preconceito dezena de vezes, e procuram por outro filme pelo qual possam se apaixonar. Um filme, enfim, para amar e sonhar, chorar e sorrir, mas acima de tudo admirar, como a verdadeira obra de arte que ele é.
E aí, gostou da resenha? O que achou da estética de Jane Eyre, também sente falta de algo mais pálido e verossímil e menos exagerado? Diga aí abaixo nos comentários o que você pensa sobre o filme! Estarei esperando as respostas de vocês... Até lá deixo um beijo e um queijo a todos, e uma imensa vontade de que possamos nos reencontrar em resenhas futuras. Até a próxima!
Comments