Mansão Bly - Episódio 5 comentado
- D. C. Blackwell
- 19 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Que lindo, que gostoso, que assustador e que interessante o episódio de hoje! Confuso do início até os últimos instantes, o episódio 5 da série foca na personagem Hannah Grose, partindo do momento final do episódio passado, com o desmantelamento da reunião na fogueira. Vemos a conversa de Hannah com o solteiro mais cobiçado da Inglaterra, mas somos interrompidos com uma sequência insana de cenas no passado nas quais Hannah não deveria estar presente, mas está.

Estou feliz por ter acertado a aposta que vinha fazendo: Miles realmente está sendo possuído por Quint, e a maneira como isso foi explicado é simplesmente sensacional. Hannah, que podia ser encontrada constantemente com a cabeça nas nuvens, tinha uma explicação para tal, e, agora, vendo este episódio, não pude deixar de ficar completamente chocado. As rachaduras na parede representavam o “algo errado” de Grose, que provavelmente perdia noção de que era um fantasma. Esse tempo todo, seu autocontrole foi imenso, sendo que vimos na prática como a existência pós-vida é caótica. Com certeza os demais espíritos na mansão também intercalam entre estados de consciência. Talvez o choque da percepção da própria morte seja demais para o que resta daquela consciência residual, como um disco de música clássica que gira ao contrário e expele apenas ruídos sem nexo ao invés do belo som ritmado de violinos. Esta mesma percepção é aplicável a filmes como Os Outros, que é inspirado na mesma obra literária, e O Sexto Sentido, que é um dos pilares do suspense sobrenatural de todos os tempos.
Embora ache genial esta construção narrativa, fico de coração partido por Hannah e por Owen, que não somente faziam um par incrível como também nos proporcionavam os momentos mais calorosos e amáveis da série. Prova viva de que o terror está diretamente conectado com a melancolia. Mesmo após o fim, se nossos protagonistas conseguirem sobreviver, parte deles, assim como a armadilha de ratos, ficará presa à mansão e aos eventos que os aterrorizaram. Grose ficará lá, assim como Quint e Rebbecca. Todos os traumas, todas as marcas, são perenes, como tatuagens na alma. E numa série, que dificilmente percorre o caminho acelerado de, por exemplo, um Evil Dead, esta melancolia é ainda mais aparente, porque há tempo para os personagens pensarem em todas as desgraças que os acometem ao longo da trama.

Este foi o primeiro episódio da temporada inteira a me deixar tenso de verdade. O papel que desempenha a ideia de loucura sempre me pega de jeito – talvez seja este um dos meus grandes medos -, e hoje foi o dia de vermos este elemento posto em prática com maestria. Logo cedo na temporada eu havia dito que Hannah provavelmente possuía algum distúrbio alimentar, por conta da quantidade de elementos realistas na trama, que colocavam de lado as respostas óbvias do sobrenatural, e por conta disso, me sinto tapeado, mas num bom sentido. Esta reviravolta é um verdadeiro marco para a série, um ponto sem volta para o próprio espectador, e me deixa absolutamente ansioso para assistir ao próximo episódio.
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