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Outlander - S5E8

  • Foto do escritor: Gisele Alvares Gonçalves
    Gisele Alvares Gonçalves
  • 15 de abr. de 2020
  • 6 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021

Olá, sassenachs e highlanders, tudo bem com vocês? Gente do céu, que episódio maravilhoso foi este que passou no domingo? Estou sem palavras.. Ao menos sem palavras de reprovação, porque daquelas destinadas a elogios eu tenho bastante! Bom, eu queria começar esta resenha falando da direção, que certamente foi o que mais chamou a atenção no capítulo, por ter sido tão diferente de todos os outros. Achei bastante ousada a ideia de botar as lembranças traumáticas do Roger em preto e branco, como se fossem um filme mudo do início dos anos 20. Aquelas lembranças representavam o silêncio pra ele, a virada de eventos que diferenciava quem ele era de quem ele ainda tinha que decidir que seria, e a mudez em escala de cinza foi uma simbologia poderosa para dar vazão não apenas a interpretações profundas através da direção, mas também a um elemento artístico e intensamente poético.

Nunca antes a produção de Outlander tinha dado um passo tão grande em direção de uma forma mais cult de planejar os seus episódios, e eu fico muito feliz que eles tenham dado esse salto, ainda que tenha sido por uma única vez. Interessante notar que, conforme o Roger ia trabalhando o seu trauma e dominando ele, a direção também muda, adquirindo voz e cores, em uma multiplicidade de sentidos que eu nem saberia comentar. O mundo do Roger adquire cor e som, assim como significado, e somente assim ele também recupera a sua voz, abre-se aos seus entes queridos e se deixa penetrar, se deixa vulnerável novamente. Sim, amar é tornar-se vulnerável, e ninguém melhor que um indivíduo traumatizado para conhecer este fato.

Por isso digo que, além do roteiro perfeito, a direção colaborou muito (pela primeira vez) para adentrarmos o psicológico deste homem ferido, tornando o episódio em uma verdadeira obra-prima. Nem mesmo quando o Jamie foi estuprado pelo Black Jack tivemos esse tipo de cuidado na telinha, muito menos quando a Bree foi atacada pelo Bonnet. Não que esses eventos não tenham sido terríveis! Alguns poderiam até julgar que eles foram ainda mais horrendos do que a experiência pela qual o Roger passou, mas cada um de nós sabe até onde consegue suportar as pedras da vida, e quais delas nos ferem mais profundamente. Pensem só: um escocês de apartamento como ele, que nunca havia visto sangue ou vísceras, que tinha por companhia apenas a segurança dos livros e documentos históricos, ter sofrido uma tentativa de assassinato tão violenta quanto esta, sabendo que seu próprio ancestral que o entregou para o carrasco? Fala sério, e não minta para si mesmo: você suportaria? Você, brasileiro de apartamento como qualquer outro, que provavelmente também passou a vida com a cara nos livros, seja na escola ou na faculdade, não teria ficado nem um pouco abalado se tivesse vivido o que o Roger passou? Pois eu digo que isso seria impossível! O Roger representa a todos nós nessa série, pessoas criadas a toddynho que nunca passamos por um trauma realmente terrível como este. Provável que alguns de vocês não teriam reagido da forma como ele reagiu, mas todos nós teríamos dificuldades para superar tal evento traumático.

Ele não teve como se defender na hora H, senão agarrando-se à corda para evitar a morte rápida. Depois, no entanto, ele se fechou ao mundo para se proteger dele, em uma decisão irracional tomada pelas partes mais obscuras de sua mente. Afinal de contas, foi a sua voz que o levou àquela confusão em primeiro lugar, não foi? Se ele não tivesse conversado com a sua ancestral, nada daquilo teria acontecido. Foi assim que ele deixou de falar, de interagir, de possibilitar que outro mal tão terrível quanto aquele viesse a entrar no rol das consequências de suas palavras. Que engenhosidade psicológica que Outlander demonstrou, e que genialidade de roteiro! Profundo para aqueles que interpretam os personagens para além de suas palavras, e acompanham a coerência de suas ações. Olha, do episódio anterior pra cá tenho tido muitas surpresas positivas, e espero que até o final desta temporada continuemos com essa pegada de qualidade e cuidado de direção, porque é isto o que merecemos. Não apenas o Roger, mas a Brianna também estava genial (e ninguém se surpreende com esse comentário, visto que todos aqui sabem que eu amo a cabelinho de fogo e o seu marido). Eu consegui me colocar no lugar dela, sabe? Imaginei o desespero de ter o meu amado arrancado de mim, ainda que ele estivesse bem do meu lado. Imaginei a dor de não saber se ele voltaria, quando e como voltaria, e a raiva de pensar que já havia passado por dores tão grandes quanto a dele, mas fui forte o suficiente para lidar com a situação de outra forma. Sim, a Bree foi muito forte, afinal ela superou o seu trauma em relação ao sexo, e hoje tem uma vida completa em seu casamento, e eu acredito que isso requereu muita força de vontade. Eu também me sentiria frustrada na situação dela, e desesperada, e decepcionada, e eu acho que o roteiro botou todas essas questões muito bem nas falas dela.



Fiquei muito emocionada com o monólogo dela sobre casamento, quando ela falou das bodas de papel e de diamante, e quando ela disse, apesar de toda a sua frustração, que amava o Roger. Eu percebo o quanto eles cresceram enquanto casal, sabe? Não é mais aquela paixão louca de posse, que fazia eles brigarem de cinco em cinco segundos por serem cabeças duras, mas o que existe entre eles hoje é mais profundo, mais forte e mais brando ao mesmo tempo, a verdadeira e bela parceria que existe em um casamento de longa data. Ela disse que o amava como um presente, para ele fazer o que quisesse com aquelas palavras, para tentar se superar ou acabar com a sua vida, sabendo que foi amado enquanto em Terra. Ela lhe disse aquelas palavras sem requerer nada em troca, sem pensar na dor que carregava naquele momento, mas pensando exclusivamente na dor dele, nas dificuldades que ele enfrentava, no momento mais altruísta que a Bree já chegou um dia nesta série. Ela sempre pensou no que ela queria, no que ela idealizava, e o quanto as atitudes do Roger a feriam, porém naquele momento ela demonstrou o quanto cresceu, e mesmo sem ter o que ela desejava, ela desejou que o seu marido pudesse se recuperar, por ele mesmo. Aquele “eu te amo” foi também um “eu vou estar aqui por ti, e sempre estarei”. Aquele, na minha opinião, foi o “eu te amo” mais belo e sábio da série inteira.

Por um lado, por eu shippar fortemente a Bree e o Roger, eu desejei que ela fosse a pessoa a resgatar o seu marido, assim como a Claire resgatou o Jamie no passado, mas assim que eu vi que o jovem Ian estava de volta tive a certeza que esse meu desejo não se realizaria. Foi interessante, no entanto, termos um desfecho diferente para uma situação bem semelhante com o final da primeira temporada, assim a série mostra o seu poder de renovação! Além de, é claro, ser incrível o fato de termos o Ian de volta nos episódios, visto que não conheço ninguém que não ame profundamente este personagem. Duas pessoas quebradas se curam mutuamente, exatamente porque um entendia o outro de uma forma que um indivíduo saudável não poderia. No fim, o Roger não precisava do amor da Brianna, ele precisava de compreensão, e foi a única coisa que ela não pôde dar a ele.

O que eu mais gostei na interação entre o Ian e o Roger foram as verdades que o sobrinho do Jamie disse ao genro deste, sobre ele não ter do que se queixar, uma vez que ele ainda tinha a mulher que amava e um filho lindo e saudável pra criar. E não é que o bichinho tinha razão? Sabe, às vezes estamos com a cabeça tão enterrada em nossos problemas, nossas dores e nossos pensamentos angustiantes que nem paramos para lembrar daquilo que temos de bom nessa vida, daquelas pessoas que mais amamos e que nos amam em recíproco. Não estou dizendo que não entendo o Roger, mas olhando friamente para suas atitudes dá pra ver que ele estava sendo egoísta e ingrato, e talvez até um pouco masoquista, afastando-se emocionalmente daqueles que podiam lhe fazer feliz. Sim, ele definitivamente praticou da autosabotagem neste episódio, com medo de se permitir ser feliz por cinco segundos e, de repente, viver uma tragédia que o fizesse miserável novamente. Ele estava evitando o próprio remédio, estava com os muros altos, mas depois lembrou-se que é preciso coragem para ser feliz, para aceitar aquilo que nos faz bem e embarcar de cabeça nessa emoção. Sim, coragem não é apenas ir para a batalha e arriscar sua vida, mas também é decidir-se sobre abrir suas emoções quando é mais difícil de fazer isto.



Sabe, eu quero muito saber mais sobre esse passado do Ian, e descobrir quem foi essa mulher que ele amou e por que eles não estão juntos agora. Nem conheço e já shippei! Se bem que eu acredito que o Ian ainda vai ficar com a Lizzie, visto que anda um burburinho entre os fãs a respeito deste fato. Sinceramente? Que casal sem graça, sem humor, sem vontade de viver! Preferia a Lizzie com o Josiah ou o Keziah (que foram esquecidos no churrasco), e o Ian com uma índia belíssima e maravilhosa, e já tenho até algumas sugestões de cast para esta personagem, caso os produtores estejam ficando sem ideia. Quem concorda comigo respira.

E aí, curtiram a resenha? Comentem abaixo seus pensamentos sobre o episódio, e sobre a minha análise das cenas. Um beijo a todos, e até a próxima.

Gisele Alvares Gonçalves


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