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Trilogia Sissi

  • Foto do escritor: Gisele Alvares Gonçalves
    Gisele Alvares Gonçalves
  • 9 de dez. de 2020
  • 7 min de leitura

Atualizado: 19 de mar. de 2021

Olá, imperadores e imperatrizes do meu coração… Hoje vim trazer uma resenha mais que especial para vocês, sobre a trilogia que me despertou o amor pelo século XIX! Como eu sei que tem muita gente que ainda não viu Sissi, eu vou deixar esta primeira parte da resenha sem spoilers, para que vocês possam entender qual é a vibe destes filmes e que para que se convençam de que precisam ver eles, tipo agora. Sissi é uma história para quem gosta de romances de época, e para quem gosta de biografias sobre rainhas… Ou até mesmo se você é fã de um épico com protagonismo feminino vai se sentir em casa com esta trilogia. Esta é uma produção austríaca que foi lançada entre os anos de 1955 e 1957, sendo um clássico romântico em todos os sentidos.


Com uma produção belíssima, figurinos de tirar o fôlego e palácios de causar inveja a qualquer mortal, Sissi não traz dramas muito pesados, focando mais na beleza da vida, do amor e da bondade do coração da protagonista, trazendo até uma trilha sonora aos moldes do romantismo. Recomendo para quem quer ver um amor fofinho e para quem está cansado de ver só tragédias nestas produções contemporâneas sobre rainhas (vide The Spanish Princess). Sissi é aquele filme que foi feito para relaxar e nos ajudar a sonhar, nos levando para aquele mundo dos bailes e da galanteria. Calma lá, que nem tudo são flores, também! Sissi enfrenta dificuldades em seu caminho, e acaba até por ficar deprimida em vários pontos da narrativa, porém nada tem aquele impacto sombrio e denso dos filmes de hoje.


A própria personagem é um doce de pessoa, e se você gosta daquele tipo de garota espoleta, que ama animais e não está nem aí para as regras de etiqueta, você veio ao lugar certo! Sissi é uma pessoa muito verdadeira e encantadora, e o sorriso da Romy Schneider (atriz que estrela a trilogia) poderia ajudar a derreter os corações mais gelados deste planeta! A protagonista ama sua liberdade, e não trocaria ela por nada na vida… Nem mesmo pela possibilidade de ficar com seu amor verdadeiro. Sissi é o tipo de mulher que gosta de viajar, de viver aventuras, de escalar montanhas e cavalgar por horas a fio, que dá de beber aos próprios cavalos e não vive plenamente a não ser que tenha um pelo (ou uma pena) de algum animal na roupa. Se você gosta deste tipo de personagem, então não perca tempo, você tem que correr para ver a trilogia!


Os figurinos dão uma boa imersão no período, sempre com saias bastante volumosas e modelagens ricas e femininas. Claro, a gente percebe o sutiã bicudinho por baixo dos trajes, típico dos anos 50, porém nem mesmo isto estraga muito a imersão no século XIX. Uma coisa que perturba um pouco a sensação do período, no entanto, são as tomadas internas sempre muito, muito claras, não dando aquele ar de luz de velas que muitas séries atuais possuem. Às vezes a gente percebe que a paisagem é uma tela pintada, e a direção da câmera é bem básica, possuindo movimento apenas em momentos chaves e emocionais. Ainda assim, essa foi uma produção primorosa para a época, com contratação de muitos (e muitos!) figurantes e boa caracterização de todos eles. Também, em certo ponto da narrativa, percebemos que a produção se moveu através do mundo, tendo cenas em Veneza, Grécia e Hungria, além de mostrar várias cenas de tirar o fôlego da própria Áustria.


Em termos de fidelidade histórica também encontramos alguns erros, e até mesmo faltas, como o fato de que a trilogia não mostra a anorexia que a Elizabeth da Áustria (também conhecida como Sissi) enfrentou. Em se tratando de um filme romântico (e aqui não falo apenas no sentido de ter o romance como tema principal, mas também no sentido de apenas mostrar o lado belo da vida), não é de se surpreender, afinal esta doença traz muita polêmica em seu encalço, além de dramas psicológicos mais intensos. Ainda assim, apesar destes erros históricos, o filme continua sendo lindo e maravilhoso, com uma emoção suave e perfumada como rosas vermelhas.


O romance entre Sissi e Franz é bem bonito, apesar dos dois cometerem erros ao longo da história. É interessante notar como a trilogia retrata não apenas o enamoramento dos dois, que é mostrado no primeiro filme, mas tudo o que vem depois, em sua vida de casados. O Franz é aquele tipo de cara que tem pulso firme como imperador, mas ainda assim quer fazer o certo por sua nação e por seu povo, sem se tornar um tirano. Ele não é do tipo que tem um lado muito obscuro, sendo mais o tipo que quer fazer de tudo para agradar a sua esposa, ainda que às vezes ele entre em conflito com ela sem ter razão. Franz é um cara emotivo: não aceita ter uma vida sem a Sissi, só de pensar em tal possibilidade ele já desmonta. Ele é ciumento, porém controla o seu ciúme, confiando plenamente na mulher que escolheu para si. Franz é quase o marido ideal, considerando a Sissi como um tesouro em sua vida, e admirando nela seus muitos dons e qualidades.


Enfim, consegui convencer você? Corre lá para ver os filmes, porque a próxima parte da resenha já vai ser recheada de spoilers! Se você já assistiu aos longas, fique à vontade para prosseguir no texto, no qual abordaremos aspectos específicos de cada filme da trilogia:


Sissi


O primeiro filme da trilogia é o mais leve de todos, tendo o ponto de conflito mais baixo quando a Sissi descobre que Franz está noivo de sua irmã Helene. Temos bastante apresentação de personagens nesta primeira parte da história, e somos levemente introduzidos a tramas que irão realmente serem trabalhadas mais tarde, como os rebeldes húngaros. Como a Sissi ainda é muito jovem, inocente e cheia de vida, o filme acaba por apresentar uma qualidade de comédia romântica, fazendo com que a bagunça da protagonista se harmonize perfeitamente com as trapalhadas do major Böckl, em termos de narrativa.


Confesso que, apesar de adorar o personagem Böckl, eu não chego a achar tão interessantes suas piadas neste primeiro filme, em especial quando ele está na presença da arquiduquesa Sophie, afinal não acho que os dois personagens combinem em termos de interação. Para mim, este personagem só vai ter seu brilho no último filme, quando muito acertadamente os roteiristas o colocam como o conquistador de mulheres atrapalhado, o qual vai render boas risadas.


Em termos de relacionamentos entre personagens, gosto muito das cenas entre Sissi e seu pai, Max. Gente, o cara é demais, não tem como não amar! Aliás, parece que a protagonista tem uma relação mais apegada com o pai do que com a mãe, ainda que elas tenham cenas bem fofas e tocantes também. Sim, a Ludovika é uma personagem incrível, apesar de parecer meio megerinha bem no início do longa. Vamos fazer o que? De repente, naquela cena, a personagem estava na TPM, vai saber… Todo mundo tem seus momentos, e a Vika também. O que importa é que a família da Sissi é toda muito querida, o que é incansavelmente retratado no roteiro do filme. Afinal, quem não queria ser abraçada por uma mãezona daquelas, e tomar cerveja e caçar com um pai tão querido quanto o Max?



Sissi – A Imperatriz


Já com um tom mais sério, chegamos a um ponto em que a história começa a retratar a forma como a Sissi lida com as questões políticas, fazendo com que Franz se reconcilie com a Hungria e seja coroado rei desta nação. Ao contrário das produções modernas, em que a força de uma rainha está em sua capacidade de falar grosso e de subjugar seus subordinados, a força de Sissi está em seu amor e compaixão, que conquistam ao invés de inspirar medo, que aproximam ao invés de criar barreiras. Sissi, assim, se mostra uma personagem bastante feminina, e mostra que suas qualidades de mulher são importantes para o mundo, talvez mais do que o puro poder que emana de Franz, e até mesmo de sua mãe.


Na vida pessoal, temos o afastamento forçado entre Sissi e sua filha, por obra de Sophie… E de Franz. Cara, juro que por esta eu não esperava na primeira vez que vi este filme. Chega a dar um ranço do marido da Sissi, não? Afinal, como ele poderia concordar com os planos da mãe, sabendo o quanto tal atitude deixaria sua esposa deprimida? Sinceramente, se eu estivesse no lugar da Sissi, eu não sei o que eu faria. Dá uma agonia pela sensação de impotência dela frente à situação, e uma vontade de entrar no filme e bater na Sophie pessoalmente. Felizmente a Ludovika salva a pátria, como sempre. Isso acaba por se tornar um hábito dela.




Sissi e Seu Destino


Último filme da trilogia, com uma pegada tão agridoce quanto o segundo longa. Acho interessante como, na primeira parte do filme, temos um paralelo entre Franz e Sissi, que estão longe um do outro, mas são abordados por terceiros apaixonados, cada um em um baile. Franz ouve a declaração de Helene, e Sissi descobre que o conde Andrassy a ama. Engraçado como, ao terem tais experiências, o instinto de cada um deles é voltar para o seu verdadeiro amor, e assim eles se encontram no meio do caminho! Isso chega a ser metafórico, se for parar pra pensar. Também, pensando em termos do relacionamento da Sissi com o Franz, percebemos que este é o único filme em que o cara não faz alguma cagada para a protagonista, tornando o romance deles muito mais puro e fofo.


A doença da Sissi dá o tom melancólico da trama, e novamente a mãe da Sissi a salva, trazendo vontade de viver à sua filha. Aliás, é interessante como a família da protagonista continua a ser valorizada através de todo o roteiro, em especial neste filme, quando eles adquirem trama própria. Com a chegada do Ludwig e os problemas de seu casamento, nós conseguimos ver uma Bavária sem a Sissi, e sem o antigo cenário dos filmes anteriores também… Não sei se vocês tinham percebido isto, mas o parque em que eles aparecem nada tem a ver com o palácio que costumava representar o antigo lar da protagonista.


Como Sissi e Franz também estão separados a maior parte do tempo, acabamos tendo vários núcleos na história, os quais convergem para o ato final do filme, quando os protagonistas se encontram na Itália, fechando o ciclo das rebeliões políticas mencionadas no primeiro filme. Novamente Sissi conquista um povo através do dom mais feminino de todos, a maternidade, e a trilogia se encerra na frente de uma igreja (para não perder a tradição), com um final feliz, algo muito raro nos filmes épicos atuais. Entre melancolias, alívios cômicos (através do Böckl), romance e muito, muito encanto, Sissi é um filme que foge ao padrão do que conhecemos, mostrando as belezas escondidas da Áustria e de sua História… E de seu coração preto-amarelo, cores da bandeira dos Habsburgos.



E aí, gostou da resenha? Diga aí abaixo o que achou da trilogia, e quais as cenas que você mais gostou de cada um dos filmes! Por enquanto, eu deixo um beijo e um queijo para vocês, e uma vontade imensa de que possamos nos encontrar nas próximas resenhas. Até a próxima!

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