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Um Olhar Sobre a Dinastia Tudor - Elizabeth I

  • Foto do escritor: Gisele Alvares Gonçalves
    Gisele Alvares Gonçalves
  • 20 de out. de 2020
  • 7 min de leitura

Atualizado: 2 de dez. de 2020

Olá, reis e rainhas… Tudo bem com vocês? Hoje estamos aqui para homenagear a quarta geração Tudor, e a última: estamos falando, é claro, da rainha Elizabeth I, filha de Anne Boleyn com o rei Henry VIII. Mais especificamente, estamos aqui para falar sobre a duologia dos filmes dirigidos por Shekhar Kapur, composta por Elizabeth e Elizabeth – A Era de Ouro. Com uma diferença de nove anos entre as duas obras, esta duologia é estrelada por Cate Blanchett, para o que não teria uma decisão mais acertada! Afinal de contas, a Cate brilha do começo ao fim, interpretando tanto a adolescente insegura quanto a mulher poderosa e incontrolável que foi Elizabeth I.


Grandes atuações e grande direção, coroadas pelo roteiro impecável de Michael Hirst… Sim, o próprio! O mesmo cara que também escreveu The Tudors, o que torna esta duologia a sequência lógica depois da série estrelada por Jonathan Rhys Meyers. Com tudo isto, Elizabeth só podia ter se tornado o sucesso que foi, sendo aclamado pela crítica e pelo público em geral, tornando ainda mais difícil para as novas gerações uma nova interpretação da personagem, visto que, graças ao talento incomparável da Cate, agora esperamos muito de qualquer atriz que assuma esse manto.


Como se tratam de dois filmes, esta resenha será dividida em cada um dos filmes, a fim de valorizarmos suas diferenças e peculiaridades. E aí, está pronto para esta viagem? Então segurem suas coroas, porque lá vamos nós!

Elizabeth


Um dos filmes mais sombrios que eu já vi sobre qualquer membro da dinastia Tudor, graças à direção que evoca o grotesco de Shekhar Kapur. Confesso que vi esta obra pela primeira vez quando era adolescente, então imagina o meu choque ao já começar o filme com uma cena visceral de escalpelamento e de condenação à morte na fogueira de vários protestantes, com uma música que ajuda na tensão do momento e os gritos desesperados dos moribundos. Sério mesmo, não tinha como ficar mais obscuro que isso! E é por esta razão que, agora que sei como é a pegada do longa, faço questão de não estar comendo ou bebendo nada ao ver tais cenas perturbadoras.


Também a cena de Elizabeth sendo transportada da Torre ao palácio de Mary Tudor, sua irmã, é bastante agressiva, quando a jovem ruivinha vê pela janela da carruagem todo o tipo de agressão que os soldados cometiam contra o povo, enquanto algumas bravas almas pediam ajuda à futura rainha, que ainda não podia fazer nada. Todas estas escolhas de direção, aliadas à trilha sonora, são um chute no estômago do expectador, e nos mostram a visão terrível que Kapur tem sobre o século XVI, e em especial sobre o reinado da Bloody Mary.


Isto é visível inclusive na iluminação das cenas, deixando toda a corte de Mary imersa em escuridão, enquanto Elizabeth é vista como a luz, o sol e a nova esperança daquele povo maltratado. Mesmo depois que a ruivinha assume o trono, a fotografia se torna mais quente ao seu redor, com alguns detalhes em vermelho sempre presentes, e a sua própria veste feita com cores que vão do dourado ao carmim.


E Elizabeth era assim mesmo: um sol a iluminar a Inglaterra, ainda que, no começo de seu reinado, ela pouco soubesse lidar com as intrigas da corte, confiando demasiado em gente que queria destroná-la. E é aí mesmo que entra um dos personagens mais intrigantes do filme, que é o sir Francis Walsingham, que aparece já cometendo um assassinato sem mostrar remorso, e logo em seguida aparecendo como esta figura de negro, entrevista por tecidos vermelhos como sangue. Algumas pessoas poderiam jurar que ele seria um vilão para a Elizabeth, bem ao estilo Disney! Qual a surpresa, no entanto, ao descobrir que ele é o mais leal dos súditos da rainha, ajudando-a a se tornar a mulher que ela tinha capacidade para ser?


Walsingham, também interpretado por um ator aclamadíssimo (Geoffrey Rush, que você conhece como o Barbossa em Piratas do Caribe), é a figura mais cinza de toda esta franquia, pois apesar de extremamente inteligente, ele também parece não ter escrúpulos… Nenhum, a não ser lealdade. Sendo versado na arte da enganação, do sangue e da espionagem, o homem apostou todas as fichas em uma garota que mal conhecia, e que não havia sido treinada para assumir o posto de rainha, então pensa na aposta alta que ele fez! Além do mais, parece que nós nunca sabemos ao certo o que se passa em suas cabeças, ou suas verdadeiras motivações. Sem passado e sem futuro, sem família ou qualquer laço afetivo, o personagem foi concebido assim exatamente para ser um mistério ambulante, para o que tanto roteiro quanto atuação contribuíram de forma brilhante.


E para finalizar esta parte da resenha, não poderíamos deixar de falar na relação entre Elizabeth e Robert Dudley, que é algo por que sempre esperamos muito em qualquer produção que foque na última rainha Tudor. O que posso dizer a este respeito? Não é o meu ship preferido de todos os tempos, mas eu gosto bastante do que o roteiro fez a respeito do casal, dando intensidade e paixão aos dois, a ponto de acreditarmos realmente no sentimento deles. A gente também consegue perceber por que a Elizabeth se apaixonou pelo Robert, sendo ele bastante seguro de si e galanteador, bom dançarino e uma luz em meio às mariposas. Ele chama a atenção mesmo, consegue ser o centro das atenções por onde vá, e isto é uma coisa que nós, mulheres, temos dificuldade para resistir. Eu acredito que ele amava ela de verdade, mas também entendo a rainha por ter se sentido traída quando descobriu que o cara era casado. A única incógnita é: por que ele se envolveu na trama de traição contra a sua amada? Seria por que, acreditando que ela seria apenas destronada, e não morta, ele conseguia ver um futuro para os dois? Bom, vou esperar vocês me dizerem o que pensam a respeito disso, e também me contarem se shippam ou não o casal.



Elizabeth – A Era de Ouro


Um filme bastante diferente do primeiro, muito mais épico e um pouco menos obscuro. Podemos notar muita luz na fotografia, em especial na corte da rainha. Agora ela está mais confiante, mais sábia e mais querida, e são poucos aqueles que, dentro de seu reino, querem vê-la sem a cabeça… Ao contrário, as ameaças vêm todas do exterior neste longa, quer pelas mãos do rei Filipe da Espanha, quer da Mary Stuart. Não se enganem, ainda temos cenas perturbadoras, como quando o Walsingham tortura um homem na donzela de ferro, porém a fotografia é muito mais brilhante e iluminada (salvo em raras exceções), e a trilha sonora não é tão sinistra quanto no primeiro filme, o que dá toda a diferença do mundo.


O que é mais interessante, na pouca obscuridade que ainda temos no segundo longa, é observar que os rebeldes se encontram em um lugar em que se tinge tecidos, porém todos eles são tingidos de vermelho, em uma escolha poética do diretor a representar o sangue que eles estavam dispostos a derramar. Também as cenas da Mary Stuart são sempre em ambientes fechados, porém com uma fotografia mais fria do que aquela usada para a Elizabeth, demonstrando a escuridão que paira ao redor desta personagem.


Em termos de figurino, também temos uma mudança interessante: ele está muito maior e mais glorioso para a Elizabeth, mostrando-a ainda bela, porém intocável pela sua posição. Além disso… Já repararam que a Bess Throckmorton está sempre ecoando, em sua vestimenta, a cor que a rainha escolhe para os seus trajes? É quase como se elas fossem duas facetas da mesma personagem! Ou poderiam ser, não fosse o amor de um certo pirata a causar discórdia entre elas. Bess é a juventude de Elizabeth, é a doçura, é tudo o que ela poderia ter sido, caso a coroa não tivesse sido posta sobre sua cabeça. Ainda assim, apesar de semelhantes, as duas não poderiam ser mais diferentes! Afinal, Bess não tem a metade da força que a rainha tem, nem metade de sua inteligência. Em resumo, a dama de companhia é puro coração, enquanto que Elizabeth tem o metal da coroa correndo por suas veias.


O que me escapa do entendimento é como o Walter Raleigh preferiu a Bess à rainha! Tipo, sério… A Elizabeth não é só bela, ela é a Cate Blanchett! Ela é sedutora como a mãe, porém é muito melhor rainha que esta, é inteligente e sabe passar autoridade, além de ser sábia em suas decisões e muito, mas muito corajosa. Eu sei que ela é um pouco passional em alguns momentos, comete erros quando sente que está perdendo o Raleigh e chega até a ser um pouco insegura (enquanto mulher, nunca enquanto rainha). Apesar de tudo isso, a Elizabeth é um mulherão, cara! Enquanto a Bess é bastante bonita e carinhosa, mas não muito mais do que isto. Sinceramente, se eu fosse homem, jamais iria deixar de notar na sereia pra observar uma truta passar.


Mas enfim, ainda precisamos falar no Walsingham! Afinal, ele finalmente perde a aura de mistério que o rodeava, tornando-se um mortal quanto qualquer outro. Quando iríamos prever que o segundo filme iria humanizar este personagem, mostrando sua família e seus laços afetivos? Ele até teve um grande dilema em relação ao irmão, que acabou por se mostrar um traíra! Além disso, a velhice o torna mais humano, bem como o grande erro que ele comete em relação à trama da Espanha. Pois é, este filme mostra que até deuses podem cair, eventualmente! E foi muito interessante ver este outro lado do Walsingham, desmistificando um pouco a imagem que havíamos construído sobre ele.



E aí, gostaram da resenha? Digam aí nos comentários se gostaram dessa duologia, e qual o filme preferido de vocês. Gostam mais do clima sombrio do primeiro? Preferem uma trama mais épica e mais iluminada, como no segundo? Não deixem, também, de acessar as outras resenhas da saga Um Olhar Sobre a Dinastia Tudor, os links estarão aí abaixo, em ordem cronológica dos acontecimentos. Por hora, no entanto, eu deixo um beijo e um queixo para vocês, e uma vontade imensa de que possamos nos encontrar novamente em outra resenha. Até a próxima!


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