Um Olhar Sobre a Dinastia Tudor - The Spanish Princess (season 1)
- Gisele Alvares Gonçalves
- 22 de set. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 2 de dez. de 2020
E aí, reis e rainhas do meu coração… Tudo bem por aí? Chegamos a mais uma geração da dinastia Tudor, e dessa vez acompanhamos a jornada inicial da Catarina de Aragão na Inglaterra. Se eu gostei dessa série? Gostei, mas devo confessar que esperava muito mais da trama, visto que suas séries predecessoras foram tão mais incríveis. Além disso, um vestido em particular me incomodou um pouco, que foi aquele traje que a protagonista usa na primeira solenidade na corte, quando ela pede perdão para a Maggie. Que foram aquelas aberturas bizarras que mostravam uma saia justa por baixo da armação? Tirando isto, o figurino foi até muito interessante, com os farthingales (aros) aparecendo nas saias das espanholas, algo que as fashinistas históricas estavam ansiosas para ver, afinal foi a própria Catarina de Aragão que levou esta moda para a Inglaterra.
À parte do figurino, temos que pensar na questão do roteiro. Sabe por que eu acho The Spanish Princess a série mais fraquinha? Porque a gente vinha em uma progressão de intrigas e dramas pesados envolvendo moralidade com The White Queen e The White Princess, e esse tipo de trama simplesmente some em The Spanish Princess. Não se enganem, eu não desvalorizo o romance! Até porque isso seria incoerente, sendo eu mesma uma autora de livros desse gênero. A questão é que, ao menos para mim, a expectativa era outra em relação à série, e essa expectativa foi quebrada.
Os únicos pontos que nos causaram calafrios durante os oito episódios da primeira temporada foram as tragédias da vida da Maggie (como sempre… Essa aí nasceu para ser Maria Sofrida!), a morte de Arthur, a execução de Dudley e o aborto de Rosa. De resto, foi uma briga de comadres entre os dois Henrys (pai e filho), e um “vou casar com a Catherine” e “não vou casar com a Catherine” que se torna cansativo. Além disso, muita coisa simplesmente parece artificial na trama, como o beijo que a Lizzie dá na Catherine (tipo… WTF? De onde tiraram isso? Essa cena não fez o menor sentido!). Até mesmo a vinda de Joana para a Inglaterra, justo quando todo mundo mais precisava, parece um pouco falso, e me dá uma sensação de vergonha alheia. Sinceramente? Eu acho que essa série teria sido muito melhor se tivesse sido reduzida pela metade… Ao menos teríamos ido mais direto ao ponto, e não seríamos enrolados com dramas desnecessários.
Ok, não me odeie ainda! Temos muito ainda o que falar sobre The Spanish Princess, e eu ainda elogiarei muito certos aspectos da obra, como a atuação incrível do elenco, a começar com Ruairi O'Connor, que tem uma presença incrível à frente das câmeras. Ele transmite toda a segurança e impetuosidade que esperamos do Henry VIII, e o torna um personagem fascinante, fazendo com que realmente acreditemos em seu coração de leão e alma de poeta. Confesso que não conhecia o ator até então, porém me surpreendi demais com o seu trabalho, pois o rapaz conseguiu tornar o Harry uma figura intrigante, e por isso mesmo apaixonante. Ele tem aquele ar de perigo que, vamos confessar, mulherada… A gente não resiste! Principalmente quando enfrenta o pai da forma como o faz, mostrando que o jovem tem muito mais bolas do que o Henry VII jamais teve (nem mesmo em The White Princess).
Além da atuação, o roteiro teve um trabalho excepcional ao criar o príncipe ruivo, mostrando sua sede por vida e por conhecimento, tornando-o melhor que o irmão em todos os aspectos (desde a poesia, passando pelo conhecimento da Bíblia e chegando às suas habilidades com as armas). O Arthur… Coitado, até pode ser boa gente, mas que é sem gracinha, isso ele é! O primeiro marido da Catherine não tinha chance nenhuma em conquistá-la de verdade… Principalmente quando ela já havia lido as cartas de amor do nosso Harry.

Continuando a falar sobre elenco, eu jamais poderia passar batido pela atuação da Laura Carmichael, quem eu já amava da série Downton Abbey (você já viu essa obra? Se não viu, corre lá para baixar os episódios, pois eu tenho certeza que, como pessoa apaixonada por romances e dramas de época, você vai amar!). A Laura foi uma escolha perfeita para interpretar a Maggie, pois ela conseguiu captar os trejeitos que a Rebecca Benson já tinha dado à personagem, então não sentimos impacto nenhum na transição.
Ah, e lembra que eu tinha comentado, na resenha de The White Princess, que a Michelle Fairley não tinha sido fiel à interpretação que a Amanda Hale tinha dado para a Margaret Beaufort? Pois é, a Harriet Walter, a terceira atriz a ocupar o papel, conseguiu resgatar a vibe da personagem de The White Queen, dando novamente o nervosismo que a gente tanto ama odiar na rainha vermelha. Aliás se você acha que já conhecia a Harriet de outro lugar, você está absolutamente certo! Gente, essa mulher já fez tanta coisa épica… Ela esteve em O Amante da Rainha, Chéri, A Jovem Rainha Victoria e até mesmo em Downton Abbey! É, minha gente, talento a gente não constata só nas telinhas, mas no na página do IMDB também.
Agora chegamos à cereja do bolo, que é a Charlotte Hope no papel de Catarina de Aragão. Cara, essa mulher também já é super conhecida dos amantes dos épicos, pois ela esteve em The Musketeers e até mesmo em Game of Throne! E apesar de não achar que ela tenha trabalhado a protagonista de The Spanish Princess de uma forma muito carismática, ela deu a altivez e a força necessária para a personagem. A Catarina fica realmente parecendo uma mulher mimada, mas muito segura de si! Algo também trabalhado com êxito pelo roteiro, que a fez uma mulher extremamente inteligente… Visto, principalmente, na forma como ela seduz o Harry.
Vocês já repararam nas táticas de sedução que ela usa? São táticas bastante não convencionais, devo admitir, mas ainda assim muito eficazes. A gente espera que a pessoa vá dar uma de Ana Bolena, que vá atacar o homem usando as armas de sua feminilidade, que vá conquistar pela dança, pelo sorriso e principalmente pelo olhar. A Catarina, no entanto, não usa dessas artimanhas… Ao contrário, ela não torna a voz suave em nem um momento, nem mesmo faz aquele contato ocular misterioso e treinado para a conquista, mas intriga o Harry por outras vias.

A princesa espanhola sabe, por exemplo, que é um elemento exótico em um país estrangeiro, e usa isso em sua vantagem: os homens não gostam do que lhes é comum, e quando uma mulher sai do ordinário, quando carrega em si um mundo estranho e instigante, eles querem conhecer este mundo. Ela sabia que ia chamar a atenção de qualquer homem ao afirmar que, em seu reino, as mulheres vão para batalha, e que ela mesma sabia lutar tão bem quanto qualquer homem, e por isso mostra suas habilidades bélicas à sua vítima como forma de intrigá-lo, conseguindo tal feito com sucesso. Além disso, os homens amam quando a garota adentra seu mundo: antes eram as guerras, e hoje os video-games.
Depois desse primeiro passo, como a mestra da sedução que Catherine era, ela trata de instigá-lo ainda mais: ele a encontra, porém ela não fica muito em sua presença, se retirando logo em seguida. Isso deve ter confundido o Harry para caramba! Ele, que era um príncipe, um chamariz natural de mulheres, não consegue manter a companhia da espanhola por muito tempo. É óbvio que o cara iria ficar louco com isso, e iria querer tê-la, de forma a comprovar para si mesmo de que era capaz disso! Naquele momento ela se tornou um desafio, e ele teria que vencê-la.
Claro, tudo isso é muito bom para conquistar um conquistador, porém a Catherine não soube o que fazer depois que o tinha nas mãos. Depois, quando ela mesma começa a se mostrar apaixonada demais, ela deixa de ser a deusa que havia se tornado para voltar a ser humana. Para manter o interesse do príncipe, a moça deveria ter sempre mantido segredos, sempre ocultando seus sentimentos do conhecimento dele, a fim de continuar a ser eternamente algo a ser conquistado. A paixão foi sua ruína, e já no oitavo episódio da série podíamos ver que Harry havia perdido o interesse nela. Algo, aliás, que vai ser amplamente trabalhado na segunda temporada, de acordo com o que vimos do trailer. Depois de tudo isso, só tenho uma coisa a dizer: vem logo, season 2! Estamos ansiosos e sedentos por mais episódios de The Spanish Princess!
E aí, gostaram da resenha? Vão botar em prática as dicas de sedução que a Catherine nos deu? Deixe abaixo os seus comentários sobre a primeira temporada da série, e sobre as minhas interpretações aqui postas nesta resenha. De resto, deixo um beijo e um queijo para vocês, e um convite para clicarem nos links abaixo, que são os outros textos da saga Um Olhar Sobre a Dinastia Tudor. Até a próxima!
Comments