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Uma Segunda Chance Para Amar

  • Foto do escritor: Gisele Alvares Gonçalves
    Gisele Alvares Gonçalves
  • 2 de dez. de 2019
  • 6 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021

E aí, galera... Tudo bem com vocês? Sei que tem muita gente por aí que, assim como eu, está sofrendo por não ter tido episódio de Legacies semana passada, mas que tal matarmos um pouco essa ansiedade com um filme de comédia romântica natalina? Longa-metragem estrelado por Emilia Clarke e Henry Golding, Uma Segunda Chance Para Amar acabou me surpreendendo muito positivamente, pois apesar de podermos descobrir o plot twist a partir da metade do filme, o simples fato da mocinha não ficar com o rapaz no final já é uma grande novidade para este gênero de produção. Quem diria que um filme com um trailer tão leve seria capaz de me levar às lágrimas? Eu que certamente não previ essa possibilidade, o que apenas fez com que eu amasse ainda mais essa história.

Apesar desse ser um filme incrível, no entanto, teve alguns youtubers que acabaram apontando defeitos para a produção, sobre o que eu pretendo comentar nesta resenha e expor a minha opinião sobre tais críticas. Em primeiro lugar, gostaria de falar sobre a questão de que algumas pessoas ficaram decepcionadas pelo filme envolver várias tramas secundárias, as quais não foram consideradas como bem resolvidas ao longo do roteiro. Para citar algumas dessas tramas, podemos trazer aqui o romance entre Santa e o Garoto, e a questão da família de Kate descobrir que Marta era homossexual. Sobre isto, gostaria de dizer que temos que considerar a intenção dos roteiristas ao criar tais personagens e plots antes de criticar, e também entender qual é a proposta do filme em um quadro geral.

No meu ponto de vista, o filme trouxe algumas críticas sociais sobre várias questões, como o preconceito contra imigrantes e o medo de uma pessoa homossexual falar para sua família sobre sua vida amorosa. Ainda assim, mesmo que tais assuntos sejam abordados, a intenção do filme claramente não é que isto se torne um foco, uma vez que a atenção é voltada cem por cento para os dramas pessoais que a Kate enfrenta. Tudo é visto através da ótica dela ao longo do roteiro, e exatamente por ela não ser tão ligada à sua irmã, a história nos mostra apenas uma pequena fração da vida da Marta... A fração que toca diretamente à Kate.

Não acho que mostrar uma conversa entre Marta e seus pais seria relevante para o longa-metragem, nem mesmo o processo de aceitação destes em relação à sua filha, uma vez que a trama estaria saindo completamente do seu foco (Kate) e de seu propósito. A questão ali dizia muito mais respeito ao egoísmo da personagem principal, e também à necessidade dela de pedir perdão e de reestabelecer bons laços com sua irmã... O que o roteiro trabalha de forma primorosa.

O mesmo pode ser dito do romance entre Santa e o Garoto, que apareceu no filme apenas para alívio cômico e para mostrar a relação entre Kate e sua chefe. Sabe o que eu acho? Talvez as pessoas tenham se acostumado muito a ver séries, e demandem o mesmo tipo de desenvolvimento deste audiovisual para os filmes. Temos que lembrar sempre que cada tipo de arte tem sua linguagem específica, e que os longas-metragens não possuem o tempo para desenvolvimento de múltiplos personagens como as séries têm. Em geral, principalmente em filmes de comédia romântica, apenas os protagonistas ganham um desenvolvimento mais aprofundado, enquanto que os outros personagens servem mais como suporte para a história principal.

Também vi gente falando que os personagens são estranhos, e que por isso ficou difícil de entrar no clima da história. Bom, a esse tipo de personagem nós damos o nome de caricato, e isto também é uma escolha dos roteiristas. Em geral, personagens caricatos casam bem com tramas de comédia, e por isso não achei este um mau recurso para ser trabalhado neste filme... De fato, ri bastante quando o Garoto entra na loja da Santa pela primeira vez, quando temos aquele diálogo bem encabulado (e engraçado) envolvendo símios natalinos. O personagem caricato que ganha nosso coração, no entanto, é o próprio Tom Webster, o galã desse filme de romance. Afinal, quem não ficou encantada com o jeito estranho e até um tanto ingênuo deste rapaz pouco afeito a tecnologias, e quem não chorou ao descobrir que, na verdade, ele esteve morto o tempo inteiro do filme? Mais importante do que nos conquistar, no entanto, ele nos lembrou de muitas lições da vida que, no fundo, nós conhecemos, mas esquecemos de botar em prática.



Já a Kate... Bom, a Kate é um trem desgovernado, alguém que saiu dos trilhos e que certamente não serviria de exemplo para ninguém (ao menos no começo). Egoísta, não sabia nem ao menos se amar, imagina então demostrar amor por outra pessoa! Ela desvalorizava a si mesma e destruía todas as suas relações saudáveis, inclusive botando-se em situações reais de perigo (afinal, não consigo definir de outra forma a decisão de ir ao apartamento de um homem que ela recém conheceu). Kate estava tão danificada que acreditava que manter relações humanas não passava de manter casos sexuais com estranhos, algo que mostra claramente seu descaso tanto com seus sentimentos quanto com seu corpo.


Sua inclinação à autodestruição também se encontram na forma como ela somente ingere alimentos poucos saudáveis, bebe demais e foge do médico como o diabo foge da cruz. Para mim, tudo isso é um sinal muito claro de uma depressão aguda, ainda que eu não seja psicóloga para dar uma opinião de cunho profissional. É bastante triste, na verdade, ver como a Kate foge de tudo o que pode verdadeiramente curar ela (seja física ou emocionalmente), e a gente sente bastante pena dessa mulher que, aos vinte e seis anos, perdeu completamente o rumo e o gosto por viver. Não acho que o tema foi tratado levianamente, no entanto, apesar de ser um filme que tem uma pegada de humor... Ao contrário, a mensagem que o filme me passou foi esta: não importa o quão perdida ou doente a pessoa se encontre, sempre há uma esperança para que este indivíduo encontre a felicidade novamente, e a si mesmo.

Interessante notar, também, o trabalho que a Renee Ehrlich Kalfus empregou no figurino da personagem Kate, com roupas extravagantes e fora de combinação, uma verdadeira bagunça na maior parte do tempo. Essa interpretação da figurinista vem a colaborar com a ideia de uma pessoa despreocupada com o visual, que apenas pega a primeira roupa que encontra na mala e não se importa com sua própria imagem. É como se a desordem nas emoções da protagonista se externassem e se tornassem visíveis, e de fato é assim: afinal, o que mais claro do que a moda para expressar as sensações de forma instantânea para todos que nos encontram?


Bom, estamos chegando perto do fim dessa resenha... No entanto, não posso ir embora antes de falar com vocês sobre dois pontos altos do filme, o primeiro sendo a trilha sonora incrível. Sendo Last Christmas o nome do longa-metragem em inglês, já era do meu conhecimento que a trama seria uma homenagem para a música homônima de George Michael. O que eu não esperava, no entanto, é que outras músicas deste mesmo artista fariam parte do filme! Menção honrosa para a cena de abertura do longa, com a Madison Ingoldsby cantando Heal the Pain junto ao coro infantil, que foi de arrepiar até o último fio de cabelo.

O segundo ponto alto sobre o qual gostaria de falar é a atuação impecável da Emilia Clarke, que finalmente recebeu um papel que lhe permitiu explorar todo o seu potencial. Não me entendam mal, eu achei que ela fez um bom trabalho como Daenerys em Game of Thrones, porém esta personagem não tinha os elementos nos quais a Emília mais brilha. Ela é, naturalmente, uma pessoa carismática e sorridente, aberta e exagerada, e como Kate ela pôde trazer tudo isso que a faz uma pessoa especial para as telonas. Além de tudo, ouvi-la cantar Last Christmas e descobrir que ela tem um talento musical maravilhoso foi de tirar o fôlego, fazendo valer cada centavo pago na sessão de cinema.



É isso aí, galera... Agora que vocês já conhecem as minhas opiniões sobre Uma Segunda Chance Para Amar, eu gostaria muito de conhecer as de vocês! Deixem aí abaixo algum comentário sobre os temas abordados nesta resenha, e se gostaram da forma como eu conduzi este texto, deixem um like também lá na página do facebook. Um beijo, e até a próxima.


Gisele Alvares Gonçalves

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