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Fuja - Crítica SEM Spoilers

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 23 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

Pensa num filme que me deixou surpreso. Este é Fuja, o longa de 2021 dirigido por Aneesh Chaganty e estrelado por Kiera Allen, que interpreta a jovem Chloe, uma garota com várias condições médicas complicadas, uma delas sendo a paralisia. Sem poder caminhar, Chloe sonha em entrar para a faculdade e conta com a ajuda de sua mãe, Diane. Tudo ia bem, até o dia em que Chloe descobre que Diane está dando medicamentos que não foram prescritos para ela. A partir disso, as desconfianças de Chloe vão se aprofundando até que ela descubra a verdade.


Eu assisti a esse filme sem ter visto um trailer sequer, completamente às cegas. Surpresa foi a minha quando a trama começou a avançar! Jamais teria suspeitado de que a mãe seria a vilã. E a forma como o filme começa é genial, dando a entender que Chloe é mesmo aquele bebê, mas deixando o suficiente no ar para pescarmos a verdade mais tarde no longa.



Fuja tem uma pegada muito interessante. O ritmo é até que bastante acelerado, não senti o tempo passar enquanto assistia, e isso foi ótimo. O fato de estarmos acompanhando alguém que não consegue usar as pernas para nada, além de ter graves problemas de asma, intensificam o desespero que sentimos ao vermos a garota Chloe se deparar com dificuldades que seriam grandes até para uma adolescente perfeitamente saudável. Afinal, não é todo dia que a sua mãe maluca tenta te drogar e acaba até matando outras pessoas no processo.


Uma das coisas que me incomodou nesse filme, entretanto, foi a trilha sonora. Honestamente, me senti na Sessão Da Tarde toda vez que tocava a trilha de perseguição. A atuação de Kiera Allen salvou esses momentos, porque não tinha como ficar tranquilo vendo a garota hiperventilar, gemer e chorar do jeito que ela fez. Saber que Diana estava só esperando toda e qualquer oportunidade para dopar a filha também me deixou bastante tenso o tempo todo.


Este longa remete um pouco ao clássico A Órfã, só que invertido: aqui, é a mãe que tem transtornos psicológicos que a tornam perigosa para a família. Outro ponto legal do filme foi abordar esse tema da superproteção dos pais aos filhos, que é elevada em vários graus com Chloe e Diana. No fim das contas, esse relacionamento doentio acontece na vida real, só não tão extremo, mas muitas vezes levando a resultados ainda mais violentos. O aprisionamento domiciliar é uma coisa que acontece, e, num país onde é normal a criança ou adolescente estudar em casa, nada impede de que fiquem completamente isolados de qualquer auxílio externo. Se a pessoa não pode sair de casa, não tem telefone ou internet, o que ela poderia fazer numa situação de abuso, abandono ou violência doméstica?



Esse ponto do filme pode levantar bastantes questionamentos sobre o sistema educacional e sobre os direitos da criança e do adolescente, além de tocar no assunto da farmacêutica estadunidense. Sabiam que tem um remédio pra gripe lá que pode causar alucinações? E que já houve caso de um homem assassinar a esposa sonâmbulo, supostamente sob efeito desse remédio? Pois é.


Fuja me deixou com dois corações. Gostei muito do tema e de como o horror psicológico foi abordado, além de ser bastante realista em relação aos personagens em volta dos protagonistas. Pela primeira vez, a adolescente vítima de abuso é de fato ouvida pelas pessoas que ela procura! Tirando a trilha e alguns furos de roteiro, o longa foi bastante bom e cumpriu com a proposta. Ele parece, no entanto, ser um thriller mais leve, possível de se assistir em quase qualquer faixa etária.


Recomendo bastante para quem quer começar a assistir terror, mas tem medo de pegar pesado demais.

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