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Castlevania - Crítica COM SPOILERS

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 3 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

A última e derradeira temporada de Castlevania teve seu fim recentemente e nos deixou com um calor no coração e sensação de missão cumprida. A história do nosso trio, bem como a de vários outros personagens amados/odiados como Dracula, Hector e Isaac, chegou à sua conclusão num desfecho explosivo e emocionante que deu aos fãs um futuro pelo qual sonhar nesse universo sangrento e mágico nascido de um videogame láááá do século passado – literalmente!



Castlevania sofreu diversas reimaginadas do conteúdo original da franquia de jogos, tornando-se um incrível e espetacular fenômeno que é perfeito por si só e também pelas referências que tornam a alma dos games viva na série animada. Dos efeitos visuais clássicos do Alucard à rivalidade eterna entre Isaac e Hector, Castlevania traz exatamente aquilo que os fãs querem sem deixar a desejar no roteiro, abrangendo todos os públicos (dentro da faixa etária mínima) e evoluindo os roteiros e desenvolvimento de personagens que, para ser sincero, não tinham muito conteúdo, devido às próprias limitações de suas épocas. Trevor é um exemplo, vindo de um jogo que praticamente não tinha texto e cuja história era essencialmente matar Drácula porque ele é mau. A franquia, é claro, foi crescendo e acrescentando pontos ao conto, chegando à criação de Alucard no jogo Castlevania: Symphony of the Night, que foi um grande marco para o universo criado pela Konami graças aos seus efeitos visuais e história mais elaborada.


Falando mais sobre a série agora, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o passo. Geralmente, animações de 20 minutos por episódio tendem a ter tramas mais fechadas, e, por consequência, mais dinâmicas e aceleradas. Castlevania, porém, não tenta criar ritmo episódico; parte, ao invés disso, para uma narrativa longa simplesmente dividida em vários episódios, como um filme cortado em pedaços. Essa é claramente uma série feita para se devorar de uma vez só, preferencialmente durante a noite, com uma taça de – aparentemente – vinho e preferencialmente num castelo úmido e empoeirado. Sobre a trama: é interessante ver o Dracula em toda a sua complexidade emocional. Vampiros são, segundo falado por vários personagens ao longo da série, seres insaciáveis e parados no tempo. Eles querem que tudo permaneça como está, almejam estabilidade, segurança. E Dracula foi assim por muito tempo, até que sua vida mudou para sempre com a chegada de Lisa. Acredito que muitos podem se identificar com a ira de Dracula sobre os humanos, que estão – dentro e fora da série – sempre praticando maldades, sendo egoístas e perversos e ignorantes. O fim de tudo, até de si mesmo, significa uma paz divina na mente distorcida e empoeirada do vampiro, que no fim das contas só queria viver em paz com sua esposa.



Uma coisa legal é ver como várias coisas da série explicam os jogos. Por que Dracula iria querer fazer maldades com outras pessoas? Percebe-se que até mesmo ele acaba sendo manipulado pela criatura autointitulada Morte, sendo trazido de volta à vida para sofrer e se vingar, realizando as vontades de outros mais poderosos e malignos que ele. A jornada de Alucard também foi sensacional. Dolorosa e traumática, a história dele era tudo o que sempre imaginávamos jogando os jogos. Sua música tema, Bloody Tears, marcou para sempre a franquia e seus fãs, e trouxe alguns dos momentos mais espetaculares da série.

E que mudança nos antagônicos Isaac e Hector! E para melhor! De longe a jornada mais impressionante foi a de Isaac. Sua busca por liberdade e por significado na vida não é apenas bonita, mas também poética e filosófica. Ele traz consigo alguns dos pensamentos mais enriquecedores da atualidade, especialmente quando fala sobre futuro, nesta última temporada. A obra é extremamente rica em pensamentos profundos e situações de questionamento moral, podendo servir de metáfora para várias partes das nossas vidas. Liberdade, ética, dever e futuro são temas constantes em Castlevania e devem ser degustados com profundidade e sob a luz pálida da lua.


O final foi extremamente satisfatório. Depois de tanta morte e desgraça, traição e desordem, a vida pode finalmente voltar a florescer em seu pleno esplendor, e a humanidade tem uma nova chance de recomeço. O mal ainda existe, os monstros ainda espreitam à noite, mas, por ora, nossos heróis têm seu merecido descanso. E quem sabe eles possam ser felizes por uma década ou duas?


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