The Witcher - resenha da temporada
- D. C. Blackwell
- 23 de dez. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021

Bem-vindos, meus bruxeiros e bruxeiras!
Vou falar aqui sobre a série The Witcher, baseada na saga de livros de Andrzej Sapkowski. A primeira intenção é explicar um pouco da premissa da série pra quem ainda está em dúvida se deve ou não assistir. A segunda, mais para o final e com aviso de spoiler, é fazer algumas considerações gerais sobre a série pra quem já assistiu.
A trama desta temporada segue quase à risca os eventos do primeiro livro, que conta as aventuras de Geralt, um bruxo – humano geneticamente modificado e treinado para lutar contra monstros de todos os tipos (inclusive humanos). Paralelamente, conhecemos a história de Yennefer, uma garota deformada que descobre o dom da magia e passa por uma série de desafios emocionais e místicos ao longo de sua jornada em busca de amor. Por fim, em uma terceira narrativa que avança vários anos no futuro, acompanhamos a fuga da garota Cirilla, princesa herdeira do reino recém derrubado de Cintra, das garras do brutal e impiedoso reino de Niilfgard.
A relação entre as tramas é muitas vezes sutil e somente irá fazer sentido nos últimos – se não no último episódio da temporada. Por isso, não se assuste se nada parecer fazer sentido no começo. Tenha paciência e mantenha os olhos bem atentos. Esta temporada, ainda por cima, termina num grande impasse, o que significa que se você for o tipo de pessoa que não aguenta um cliffhanger, sugiro que segure a vontade – e os spoilers que virão – até 2021, quando a série retornar de seu hiato.

O cenário é muito rico. Logo de cara nos deparamos com lendas, magos, combates excepcionais, profecias e uma porção de história. O mundo é duro e as pessoas podem ser muito ruins – igual ao mundo real! Só que pior. Acredite. Neste ponto, acho que já podemos citar Game of Thrones em dois quesitos: Mortes horríveis de personagens amáveis e cenas de sexo e nudez em generosa quantidade. Entretanto, me pareceu que todas as cenas desse tipo foram muito bem utilizadas para trazer à tona questões mais profundas que normalmente não vimos em GoT. As histórias de Sapkowski têm um ar agridoce que combina muito com o estilo da produtora, e o roteiro e direção da série nos colocam dentro do universo de The Witcher, fazendo com que quem leu os livros sinta-se em casa. Quem jogou os jogos também terá uma experiência aconchegante acompanhando o trio, pois o visual e o comportamento destes foram inspirados na franquia de jogos.
Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que The Witcher tem tudo para ser o GoT que deu certo, no sentido de ter uma narrativa e um objetivo sólidos desde o começo, já que os livros estão todos acabados e os produtores não precisarão criar coisas novas. Esperam-se mais sete temporadas, segundo os produtores, então podem festejar. Eu sei que vou!
ALERTA DE SPOILERS!
Outro ponto interessante, falando agora na semelhança com os livros, é a maneira como a trama se mantém fiel quase totalmente. Tirando um que outro detalhe e a parte da guerra no final, a história se aproxima muito da obra original. Inclusive na maneira de narrar os eventos. Eis a mistura de conto e enredo continuado que presenciamos ao longo da temporada. A Yennefer também foi muito bem trabalhada na série - melhor inclusive que nos livros, e igualmente foi feito com Ciri. Ambas roubam a cena quando aparecem, tonrando-se tão protagonistas quanto Geralt. Em especial, Yennefer, por toda a trajetória ao longo da trama e seu desenvolvimento de adolescente inocente, tímida e sem amor próprio para a bruxa ousada e imbatível, capaz de deixar qualquer um a seus pés e de fazer o que for preciso para conquistar seus objetivos. Tudo isso sem deixar de ser aquela mesma garotinha solitária que apenas desejava ser amada e respeitada.

Ciri, por sua vez, sofre o processo inverso, perdendo absolutamente tudo o que tinha – desde seus entes queridos na invasão Niilfgardiana até a sua inocência quando viu seus amigos a traírem e atentarem contra sua vida. A garota, entretanto, absorve tudo de maneira sábia e se fortalece com esses golpes da vida e do Destino, aprendendo humildade e também coragem. Além disso, diferentemente dos livros, vemos desde cedo o poder mágico da garota aflorando a cada nova experiência traumática.
Vou reservar um parágrafo exclusivo para o meu personagem favorito de toda a série, o bardo Jaskier! O personagem dá toda a cor a boa parte da trama, seguindo Geralt em suas desventuras e sendo inclusive ponto chave para acontecimentos importantes como o casamento que dá a Geralt direito à posse de Ciri. Ele e Geralt contrastam totalmente, gerando os mais interessantes cenários da história inteira e sempre nos conquistando com as suas composições no final de alguns dos episódios. Vou passar o próximo mês inteiro cantando “Jogue uma moeda ao Bruxo”... Jaskier é um aventureiro trapalhão e um excelente bardo e bon vivant, e o único a quem o Bruxo será (quase) capaz de chamar de amigo. Pois sim, aposto no retorno dele na próxima temporada. O personagem é simplesmente necessário para manter o espectador animado no meio do caos desse universo!
Meu veredicto é que a produtora está confiante e também certíssima. The Witcher tem um potencial imenso para ser a série épica da próxima geração. A fidelidade à forma de narrativa dos livros, porém, pode se tornar um problema para angariar fãs de fora da comunidade livreira e gamer, devido a que pode ser necessário que o espectador esteja bem atento e tenha boa memória para ser capaz de acompanhar todos os detalhes. Acredito que a série, independentemente disso, já tem automaticamente um bom e fiel público, e se tiverem aprendido algo com GoT, os próximos anos da cultura pop serão bem interessantes.
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Um grande abraço do bruxo,
D.C. Blackwell.
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