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Creepshow - S1E4

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 22 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021



Bem-vindos a mais uma resenha macabra!

        Eu sou D.C. Blackwell, e venho lhes trazer mais um episódio de Creepshow, a série que estreou agora em Outubro.

      O episódio de hoje teve altos e baixos. Teve decepção e teve também muito desconforto porque um dos contos é um dos meus piores pesadelos. Mas vamos lá, por partes, como diria Jack.


The Companion


        Este conto é sobre um garoto que tem um irmão mais velho violento e abusivo. Durante uma perseguição, o mais novo se esconde numa casa em uma fazenda, logo após acidentalmente “despertar” o espantalho retirando uma bengala afiada de seu peito. Ele logo descobre que o monstro foi criado pelo dono da fazenda, um senhor cuja esposa faleceu e o deixou sozinho. Tão sozinho que ele decidiu criar uma “companheira” para si – vulgo Espantalho Assassino. 

        A perseguição do espantalho pela casa é tensa e tem aquele visual clássico oitentista, com luzes verdes e púrpura, fumaça saindo de frestas nas paredes e debaixo das escadas. A história do fazendeiro é sensacional e revela algumas coisas interessantes sobre os sentimentos humanos, que é algo que sempre tento enfatizar por aqui. Embora o fazendeiro amasse sua falecida esposa, o que o motiva não é amor, e sim a solidão.          Na confecção do monstro, o fazendeiro utiliza vários objetos estranhos, como ossos de animais encontrados enterrados na fazenda, os quais presumo serem de animais que um dia ele já possuiu. O detalhe final da Companheira é um adorno de pano em forma de coração, pertencente à falecida esposa. Nota-se o quão macabro é esse sentimento que ele tem, disposto a conviver com os mortos para ter companhia. Ele não consegue deixar as pessoas que ama irem, e o mesmo acontece com a Companheira, que assassina a primeira pessoa que tenta chegar perto do fazendeiro. 


        Perceba que o monstro nada mais é do que os desejos do fazendeiro virados contra ele mesmo. Mais tarde, quando o garoto domina a Companheira, ele a utiliza para assassinar seu irmão mais velho. Confesso que não gostei dessa parte, pois até então o garoto não demonstrou sinal algum de que poderia se tornar um assassino. Veja bem, não é que eu não tenha gostado do final, eu não gostei foi de como as coisas aconteceram. O garoto não só domina o monstro, como volta para casa, costura seu irmão na cama e então comanda a Companheira a matá-lo, com um sorriso sinistro no rosto.          A trama não dá indícios de que isso seria coerente, pois o garoto não apenas tem medo de seu irmão, como demonstra ser uma boa pessoa como demonstrado numa cena com seu amigo. Um final muito mais coerente seria a invasão do irmão mais velho na casa do fazendeiro e o encontro com o monstro e seu irmão mais novo. Podendo derrotar o monstro juntos com seu irmão, o mais novo optaria por usar o monstro para matar seu irmão em um impulso de raiva – ou até de autodefesa. Se tivesse sido assim, na minha concepção, teria sido muito melhor.

        Maaas, não podemos ganhar todas, não é mesmo?


Lydia Layne’s Better Half


        Ah, este conto!

        Eu odiei. E amei odiá-lo. 

        A trama gira em torno de Lydia, que ao recusar à sua amada uma promoção na megacorporação da qual ela é dona, entra em discussão com ela e acidentalmente a mata. Na fuga, ela fica presa com o cadáver em um elevador, que despenca por causa de um terremoto. 

       No começo, o cadáver de sua namorada apenas nos assusta com os efeitos do post mortem – Olhos se abrem sozinhos, membros se enrijecem tomando formas bizarras, sua boca abre por causa dos gases dentro de seu corpo. Porém, à medida em que sentimos a claustrofobia de Lydia durante várias horas, vemos o cadáver da garota agir de forma sobrenatural, causando ainda mais terror. À beira da loucura, Lydia tenta escapar, mas é agarrada pelo cadáver, que a segura entre os andares por tempo o suficiente para que o elevador arranque sua cabeça.

        Então, como posso dizer isso? 

      Esse conto junta duas das coisas que eu mais abomino: Acidentes em elevadores e exposição a cadáveres. É um conto extremamente gráfico, ou seja, tudo ocorre pelo visual. O ambiente fechado e pequeno onde a trama se dá me fez trancar a respiração várias vezes. E poucas coisas são mais assustadoras para mim do que a realidade. Digo isso com o cadáver putrefacto dentro do elevador em mente. Você já sentiu o cheiro de carniça, de gordura e carne podres? Eu já. Não obstante, se leu meus outros textos, sabe que eu procuro a realidade que permeia as obras de ficção porque acredito que é aí que mora o horror. O horror está no ato de colocar-se diante de uma situação e não conceber sentir-se bem nela.          Pense comigo: Estar preso com um cadáver é improvável, mas não impossível. Agora, estar preso com um espírito vingativo – para a maioria das religiões – é definitivamente impossível. 

       Eu odiei. Odiei cada segundo. Senti o cheiro de sangue e de podridão da boca aberta da namorada de Lydia. Senti o toque frio e áspero de sua pele esverdeada. Ouvi as moscas pousarem na carne morta. Me senti preso no elevador com Lydia, e quando surtei com ela e a vi tentando escapar pela fresta do elevador, odiei ainda mais, porque sabia o que iria acontecer. Acho que tenho esse desgosto todo porque uma das primeiras cenas de morte traumatizantes da minha vida foi a de uma mulher cortada ao meio por um elevador em Resident Evil – Um dos primeiros filmes, acho que o 2.


E você? Qual o seu trauma? Qual violência lhe fere mais?

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