Cuidado: os dragões estão à solta! - especial Dia das Crianças
- Angers Moorse
- 12 de out. de 2020
- 9 min de leitura
Atualizado: 6 de nov. de 2020

Salve salve, galera! O Dia das Crianças chegou e nós não poderíamos deixar essa data passar em branco. Afinal, é uma fase muito especial em nossas vidas e que define muitas coisas para o nosso futuro, mesmo sem nos darmos conta disso.
Qual sua melhor lembrança da infância? Subir em uma árvore, jogar futebol, brincar de culinária… ou, quem sabe, curtir um bom filme acompanhado da família e de um bom balde de pipoca? Se sua resposta foi filme, então, esse post foi feito para você!
Quem nunca sonhou em voar em uma Nimbus, ser amigo de um E.T., mergulhar em uma cidade perdida em busca de um tesouro, enfrentar piratas, ser uma princesa… ou, quem sabe, voar em um dragão? E, por falar em dragões, a trilogia Como treinar seu Dragão é o melhor exemplo de animação no estilo.
Na saga, acompanhamos a incrível - e inesperada - amizade entre Soluço, um jovem aspirante a guerreiro viking, e o dragão Banguela, conhecido como Fúria da Noite. Essa amizade atrapalhada rende ótimos momentos em ambos os filmes. Mas, ao mesmo tempo que nos faz rir, traz momentos de emoção e ótimas reflexões.
A saga Como treinar seu Dragão é baseada na série de livros infantis da autora escocesa Cressida Cowell, e tem uma pegada bem nórdica, respeitando vários elementos da cultura viking em sua trama. Obviamente, há certo ar de romantismo e fantasia exagerada em alguns momentos, mas nada que possa ser visto como ponto negativo… ao contrário, só realça ainda mais a beleza da trilogia.
Se você já conhece, certamente acabou de puxar da memória várias cenas dos filmes. Agora, se você ainda não conhece, vamos trazer um pouco da magia da trilogia. Prepare seu capacete viking e seu traje de vôo, pois a aventura vai começar a partir de agora!

Como treinar seu Dragão (2010)
A trama passa-se em uma aldeia viking, na qual Soluço é um jovem atrapalhado, magricela e sem virtudes ou aptidões de guerreiro. Para piorar, seu pai, Stoico, é o líder da aldeia. Forte e destemido, está sempre preocupado em proteger a todos.
Todos os guerreiros e guerreiras (inclusive, há pesquisas científicas sérias que comprovaram que vários exércitos vikings contavam com mulheres guerreiras, o que traz maior realismo à ambientação) tem como objetivo principal caçar e matar dragões, pois são considerados como pragas para a aldeia. E é justamente nesse ponto que começa uma inesperada amizade.
Em uma tentativa de conquistar o respeito do pai e para provar à aldeia que não é um fracasso total, Soluço decide caçar o Fúria da Noite, extremamente temido por todos. Contudo, o que ele encontra é totalmente diferente do que esperava, o que o faz repensar seus conceitos sobre os animais mitológicos.
Por sua vez, o tão temido Fúria da Noite mostra que pode ser muito mais fofo que aparenta. E, conforme a confiança de um no outro vai surgindo, o comportamento de ambos também vai sofrendo mudanças bem interessantes.
Tanto Soluço quanto Banguela (nome muito bem escolhido para o dragão, aliás) demonstram seus medos e sentimentos de insegurança e estranhismo perante aos seus iguais, o que torna o relacionamento deles cada vez mais profundo e verdadeiro. Ambos conseguem se compreender e entender as fraquezas do outro. Mas, ao mesmo tempo, percebem as forças que possuem e que a parceria entre eles os torna ainda mais fortes quando unidos.
E é quando as dificuldades surgem que Soluço e Banguela alcançam a maior sintonia e se descobrem muito mais fortes que se imaginavam antes. Quando o protagonista decide criar uma asa para seu amigo dragão (ele havia perdido parte da asa traseira, o que limitava seus movimentos) e Banguela arrisca tudo para salvar seu amigo viking, fica fechada a relação de amor, carinho e amizade entre os dois.
A primeira parte da trilogia encerra com uma surpresa para Soluço que, mesmo perdendo parte da perna esquerda, descobre que vikings e dragões se tornaram mais que amigos e que, juntos, irão formar uma nova aldeia. Além disso, Soluço consegue balançar o coração de Astrid, por quem é apaixonado desde o início da trama mas que o rejeita a todo instante.
Outro ponto forte da trama é a reconciliação entre pai e filho, uma vez que Stcoico havia renegado Soluço por ele não ter sido capaz de matar um dragão. Mas, ao ver a bravura do filho e ao descobrir que o Fúria da Noite não era o real inimigo, seus conceitos sobre vikings e dragões foram profundamente afetados, fazendo com que ele aceitasse o filho como um igual, um guerreiro viking e o protetor dos dragões da aldeia… e isso dá o gancho para o segundo filme.

Como treinar seu Dragão 2 (2015)
Qual nossa surpresa logo ao iniciar o segundo filme da saga ao presenciar vikings e dragões praticando esportes juntos? As risadas começam bem cedo por aqui. Além disso, alguns dragões têm suas histórias um pouco mais aprofundadas, criando maior corpo à trama.
Soluço ainda precisava encontrar seu lado líder em meio à aldeia ao mesmo tempo que as relações entre ele e Banguela e ele e Astrid iam sendo aprofundadas. E, em meio a tudo isso, vemos um protagonista ainda tentando encontrar a própria identidade. Aliás, algumas cenas entre Soluço e Banguela são hilárias… o dragão, por vezes, parece-se com um cachorro ou um gato em algumas atitudes e esse comportamento é refletido em Soluço, o que resulta em risos garantidos.
Como o mal nunca dá trégua, um antigo inimigo do passado de Stcoico ressurge com ainda mais força e já chega tocando o terror. Como antagonista do filme, gostei bastante dele, apesar de achar seu final um pouco morno demais. Em compensação, o dragão dele é muito bacana… deu arrepios em várias cenas.
Tentando encontrar uma solução, Soluço e Banguela descobrem um lugar secreto e, com ele, uma surpresa inesperada. Sua mãe, Valka, dada como morta anos atrás, é a líder de uma comunidade escondida de dragões, na qual Banguela descobre que não é o único da espécie e aprende novos truques.
Aqui, uma ressalva negativa: o reencontro de Valka com o filho e, posteriormente, o marido Stcoico, poderiam ter sido mais aprofundadas e dar maior carga emocional, para justificar a morte que viria mais à frente. Tipo, não foi “o furo de roteiro”, mas poderia ter sido trabalhado de forma mais emotiva e imersiva.
Um destaque é para o personagem Eret, dublado no idioma original por Kit Harington (Game of Thrones), que acaba sendo fundamental para o crescimento de Soluço futuramente. A própria relação dele em relação aos dragões é algo complexo e muito bem trabalhado, de forma a trazer crescimento ao personagem mesmo depois de maduro.
Agora, preparem os lencinhos, porque da metade para o final, rolaram lágrimas. Sabe aquela morte que eu mencionei acima? Então… nosso querido Stcoico acabou sacrificando a própria vida para salvar a de Soluço, da amada Valak e de toda a aldeia. Essa cena foi de cortar o coração e fez com que muitas pessoas sequer quisessem assistir ao fechamento da franquia.
Confesso que algumas pessoas do meu convívio acharam aquela parte desnecessária no filme (inicialmente, também achei isso). Mas, pensando mais friamente, era necessário um sacrifício e uma perda maior e mais dolorosa para que Soluço conseguisse alcançar os últimos degraus de seu estágio como sucessor de chefe da aldeia, junto do Fúria da Noite.
Se pensarmos que Soluço e Banguela são os protagonistas de toda a trilogia, seria ilógico mantê-lo como segundo personagem e deixar seu pai à frente da aldeia. E, como a mãe conhecia muito bem os dragões (e esse foi um dos motivos da separação de Stcoico e Valak), ela não poderia aparecer e morrer tão repentinamente.
Falando em Banguela, pela primeira vez percebemos que Soluço se deu conta de que se sente frágil e indefeso sem seu amigo. Quando o Fúria da Noite é controlado pelo dragão de Drago Sanguebravo e, posteriormente, confronta seu melhor amigo, Soluço sente-se perdido e sem saber o que fazer. E esse foi um dos principais traumas do protagonista que teria de resolver no terceiro filme.
Assim, caberia a ele a difícil missão de dizer adeus e, a Soluço, o encargo de comandar e defender a aldeia e acabar com os planos do vilão Drago e seu poderoso dragão. E, após os sacrifícios e lágrimas ao final do filme, chegar ao ápice no fechamento da saga.

Como treinar seu Dragão 3 (2019)
AVISO IMPORTANTE!
Se seu filho ou você desistiram de ver a conclusão da trilogia por causa do triste e trágico final do segundo filme, tenho apenas um pedido a fazer: POR FAVOR, não deixem de assistir a esse maravilhoso e encantador (e fofíssimo) terceiro filme!
Posso dizer, sem medo de errar, que foi o melhor fechamento de séries de animação de todos os tempos… tudo foi perfeito durante todo o filme. Protagonistas, antagonista, dragões, batalhas, romances e, principalmente, os efeitos visuais… digo que bateram de frente com os do filme Avatar (2009), se não foram até melhores que os do filme de James Cameron!
Com a perda do pai e ainda mais dragões para proteger, os conflitos internos de Soluço aumentam logo no início da trama. Sabe que, se todos ficarem na aldeia, algum inimigo pior poderá aparecer. Se saírem, podem ser presas fáceis. Precisa comandar e proteger toda a aldeia - e seus amados e atrapalhados dragões - e, ao mesmo tempo, convencer a si mesmo de que é um líder nato. E, para complicar ainda mais, um mistério deixado pelo pai pode resolver todos os problemas, ou torná-los ainda maior.
Como se não fosse pouco, ainda precisa tomar coragem e se acertar de vez com Astrid. Toda a parte de insegurança é trabalhada de forma muito singela mas, ao mesmo tempo, bastante estruturada na trama. E, aqui, vemos uma ruptura interessante acontecendo aos poucos entre o garoto atrapalhado e medroso e o homem destemido e ousado.
Outro ponto de ruptura bem interessante - e que gerou as melhores cenas, na minha opinião - é quando Banguela conhece um dragão fêmea, conhecida como Fúria da Luz. A partir desse ponto, é risada atrás de risada com as tentativas de Banguela para conquistar sua nova amada.
Um verdadeiro show de fofura entre o casal de dragões, com algumas cenas de rachar de rir… a da dancinha de conquista foi demais! Dá até vontade de adotar o casal e levar pra casa, de tãããããããooooo fofos que são! Até mesmo a relação entre Soluço e Astrid ganhou cenas bem bacanas por conta disso… ótimas sacadas do roteiro do filme!
A própria interação entre Soluço e Banguela ganha novos ares bem cômicos. Mas, ao mesmo tempo em que a trama vai se desenrolando, esses ares tornam-se mais sérios e bem tensos, principalmente quando descobrem que Fúria da Luz é usada como isca para atrair o último Fúria da Noite para um terrível vilão chamado Grimmel, o Cruel.
Aliás, esse vilão é maravilhoso e foi um dos destaques do filme. Repleto de estratégias e artimanhas, conseguia conduzir e controlar os pensamentos das pessoas conforme suas motivações. Deixava os inimigos pensarem que estava com medo para os atacar de surpresa depois. Ou, fazia-se de desentendido para atrair os vikings para emboscadas e capturar todos os dragões.
Com planos de matar todos os dragões, Grimmel tinha um último plano em mente, que era acabar com o último Fúria da Noite (nosso amado Banguela) e, com isso, acabar com toda e qualquer chance de ser confrontado e derrotado. Um vilão cruel, sinistro e meticulosamente estrategista, como convém a um desfecho de série ou trilogia.
Voltando às interações entre os dois dragões (Fúria da Noite e Fúria da Luz), Soluço e Astrid, vemos o protagonista descobrir que o segredo que o pai havia guardado era mesmo real e que poderia ser uma chance de salvar todos os dragões. Mesmo com a dor da separação de seu amigo, Soluço estava disposto a sacrificar a própria vida se preciso fosse… e ele realmente teve essa coragem, o que me arrancou algumas lágrimas na cena.
Entre idas e vindas, ficamos com a sensação de que Banguela encontrou finalmente seu lugar em meio a outros Fúrias da Noite e outras espécies desconhecidas de dragões, escondidas em um lugar remoto. Essa sensação de pertencimento, ao mesmo tempo que chegou para Banguela, deixou um vazio maior ainda em Soluço… ainda mais depois das palavras de Grimmel a ele, dizendo que Soluço não era nada sem seu dragão.
Quantas vezes não nos sentimos assim durante a vida? Perdidos e sem um referencial, tentando nos encontrar em meio a um mundo cruel e nos sentindo completos inúteis ali? Banguela foi, em alguns desses momentos, um espelho no qual nos refletimos dura e tristemente (incluo-me nessa análise). Mas, como uma fênix que ressurge das cinzas, Soluço descobre-se um verdadeiro herói e, junto de sua amada Astrid e seus amigos vikings e dragões, partem para um ataque final contra Grimmel.
O encerramento da saga é praticamente perfeito, sem deixar nenhuma mínima falha à mostra (e, olha que eu olhei muito bem e não achei nenhuma). E, se você já chorou horrores no final do segundo filme, prepara o balde porque o as cenas finais do fechamento da trilogia são ainda mais emocionantes! Sem sombra de dúvidas, Como treinar seu Dragão foi uma das melhores trilogias já produzidas e com o melhor final de saga que já vi… emocionante, hilário, tenso, heróico e surpreendente. Em resumo: épico e mitológico!
Entre os fãs, há certo sentimento dividido sobre uma futura continuação da saga. Para alguns, será maravilhoso um quarto (quem sabe, até um quinto) filme. Mas, para a grande maioria, seria um risco enorme e desnecessário tentar uma continuação para a saga, uma vez que o final ficou perfeitamente conclusivo.
Particularmente, concordo com o diretor Dean DeBlois, que diz ter ideias em mente para possíveis continuações. Mesmo com o final muito bem encaixado, ainda ficou uma brecha “proposital” muito interessante. E essa brecha poderia ser usada para gerar outras continuações. No caso, a premissa seria utilizar novos personagens em uma outra época, na qual os humanos fossem dignos de ter os dragões como amigos.
Se a Dreamworks, que detém os direitos da franquia, quiser um roteirista para continuar a série, pode me chamar que eu e o DeBlois fazemos uma parceria para produzir o quarto filme, de boas (sonhar não custa nada, né!?!)! Até lá, vale ver e rever várias vezes essa linda e maravilhosa trilogia, que agrada aos pequenos e, até mesmo, aos grandinhos!
Chegamos ao final da nossa viagem pelo universo da franquia Como treinar seu Dragão. Conte para nós de qual filme mais gostou e qual sua cena favorita. E, neste Dia das Crianças, desejo a todos que cultivem, mantenham e espalhem esse seu lado criança por toda a vida e jamais deixem de acreditar em sonhos, magia e aventuras. Quem sabe, daqui a alguns anos, você não se torne digno de ser amigo de um Fúria da Noite (ou de uma Fúria da Luz)!?!
Comentarios