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Disforia

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 18 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021

       


  Disforia é um filme nacional. Mais especificamente, é um filme gaúcho que se passa na minha cidade, Porto Alegre, dirigido por Lucas Cassales. O longa é a primeira experiência de Lucas, que até então, só havia lançado curta-metragens.


         Lucas mostra talento no que diz respeito à introdução do suspense e do desconforto narrativo que nos leva a um desejo visceral de saber mais. Ele falha, no entanto, ao exagerar neste elemento, tirando o tão necessário espaço de outros elementos narrativos. O longa torna-se excessivamente denso sem uma real motivação por trás de algumas cenas cujo único propósito parece resumir-se a provocar ansiedade no espectador. Porém, não fui capaz de encontrar as respostas que o Lucas tanto me fez cobiçar. Senti que a conexão entre Paolo e Dario, estabelecida virtualmente pelos diálogos, mas sem real esclarecimento em trama, não chega a lugar algum. Senti também que a trama, além de pouco clara, não segue suas próprias regras, uma vez que não sinto que a trama esteja avançando durante a maior parte das cenas, sendo exceção a cena em que Dário tira sua esposa do hospital e profere um monólogo acalorado.



        Ao final do longa, temos uma revelação que parece não ter real relação com o resto do filme, uma vez que o elemento novo em si – o garoto – simplesmente não é explicado de maneira alguma. Supõe-se um fator sobrenatural na trama, presente nos toques de Sofia, que fazem com que Dário entre em estados de disforia cada vez mais penosos. Supõe-se também que há uma correlação implícita entre as esposas dos protagonistas, mas novamente, devido à preferência por diálogos constantemente tensos ao invés de trocas de informações que ajudariam o espectador a compreender a trama, acabei tendo a impressão equivocada de que eventualmente haveria uma grande revelação que ligaria todos os pontos. Este elemento ou nunca veio, ou foi colocado de forma tão subjetiva que passou totalmente despercebida.


         Acredito que o principal erro de Lucas tenha sido a tentativa de aplicação de uma trama de curta-metragem em um longa sem prever as mudanças necessárias para uma trama coesa e coerente, pois quanto mais eventos temos em um filme, mais claros eles devem ser. Caso contrário, há o risco de que a trama se perca dentro de sua subjetividade – elemento típico e também fundamental em curtas.



         Tudo é lição, e simpatizo com a ideia de que Lucas continue coletando experiências e para que em breve tenhamos, quem sabe, um clássico do cinema gaúcho que possa ser aclamado de pé pelo público, e como torço para que seja um filme gravado na minha cidade!

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