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Campo Do Medo

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 27 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2021



Bem-vindos a mais uma resenha macabra!


        Eu sou D.C. Blackwell e venho direto do que provavelmente é o gramado mais sinistro de toda a história do cinema e da literatura.


        In The Tall Grass – Ou Campo do Medo – é um filme baseado na obra de Stephen King e seu filho, Joe Hill. A trama lida muito com ciclos, não só na viagem no espaço-tempo, mas como em vida e morte. Temos esses ciclos representados pelas mortes e retornos dos personagens, como por exemplo Tobie, que dá um nó na nossa cabeça do início ao fim, sem sabermos ao certo qual versão de Tobie estamos acompanhando. Outro exemplo mais abstrato é o do bebê de Becky e de como Ross faz que ela se alimente do recém-nascido para sobreviver – inclusive, eca.


Os Buracos


        “Há buracos”, diz Travis, quando observa o cachorro de Tobie atravessar o matagal de uma ponta a outra ao cruzar por um pedaço solitário de grama. Ross também sabe exatamente como ir e vir depois de tocar na Pedra. Tobie diz isso a Cal no início do filme também. O que significa que a grama na verdade são portais no espaço-tempo, organizados de forma aleatória pela vastidão verdejante que ocupam. Isso significa que alguém poderia ir parar no mesmo lugar em diversos tempos diferentes, e por isso Travis acabou indo parar no passado, e foi assim também que Ross fez uma pilha de cadáveres de Cal. Na hora que eu vi isso, quase pirei.



A Pedra


        “Ela está no centro dos Estados Unidos, no centro do Continente. Está aqui desde antes dos indígenas locais, talvez antes mesmo da Era do Gelo.”, afirma Ross, tentando convencer a todos da potestade da Pedra. Pelo que o filme nos mostra, a Pedra é o coração do Matagal, e Ross é seu porta-voz. Abaixo da Pedra, um número incontável de corpos vivos se entrelaça em eterna agonia enquanto o Matagal tenta tirar o bebê de Becky. Mas sabemos também que não é o bebê que a Pedra quer. Como? Pois Ross alimenta Becky com a carne do infante morto. A Pedra se alimenta das pessoas, e quando elas morrem, as usa como sua manifestação corpórea. Os mortos voltam a andar, com os rostos cobertos de grama, servindo àquela entidade sedenta de sangue. Mas se a pedra não quer realizar algum tipo de ritual profético com o infante, como nos faz acreditar momentos antes, com a gravura rupestre do sacrifício de um bebê, o que ela quer?


Resposta: Não tenho a mínima ideia. Mesmo. Talvez nem a família King saiba.


        Sinceramente, isso faz parte do horror também. Existe muitas formas de produzir horror, e uma delas – a mais famosa – é o caos. Desconhecimento. Imprevisibilidade faz com que não saibamos o que virá a seguir. Viagens no tempo e no espaço são ótimas para produzir horror justamente por esse motivo. Todos temos medo daquilo que não conseguimos prever. Temos mais medo ainda de quem consegue prever absolutamente tudo em uma situação totalmente caótica e estranha a nós. Dito isso, não importa por que a Pedra quer matar todo mundo, nem se Ross falou coisa com coisa – o que acho improvável, já que quando Travis toca na pedra, ao invés de virar um pregador homicida, ele vira Pai do Ano. Só o que importa é que nada faz sentido para os caras bons, mas faz para o cara mau. E isso é ruim.


O que achei do filme?


        Confuso, óbvio. Mas não necessariamente de uma maneira ruim. In The Tall Grass tem furos de enredo facilmente releváveis para o seu objetivo, mas ainda assim me incomodam. Como exemplo, cito a cena em que Becky gera o loop da ligação de telefone. Quando ela ligou para si mesma, ela não tinha como saber que aquilo era exatamente um loop ou sequer havia passado por um loop. Por mais que entendesse que estava viajando no tempo, ela não vivenciou mais de um “final” de maneira a chegar na conclusão de que precisava alertar que entrariam em loop. Só porque algo é complicado de entender, não significa que eu, como diretor e roteirista, tenha o direito de ignorar a lógica, a coerência e a verossimilhança em prol de efeito estético ou de redução de tempo de tela. Nunca gostei e nunca vou gostar.


         Por outro lado, amo esse tipo de trama e amo como o filme trabalhou alguns elementos misteriosos. A Pedra é um enorme cliché, mas gostoso ainda assim. Todos os métodos que foram usados pelos personagens para tentar sair e os testes que fizeram para tentar entender o que estava acontecendo foram muito legais. A Igreja foi um elemento que me intrigou do início ao fim. Perceba que o nome da igreja é “Church of the Black Rock The Redeemer”, ou “Igreja da Pedra Negra, a Redentora”. Isso abre um leque de possibilidades tão grandes para o plano de fundo dessa história...


         In The Tall Grass tem uma trama complexa, ambígua e facilmente “teorizável” e eu amo isso. Amo quando uma historia abre brecha para diversas interpretações! Algumas coisas poderiam ter sido melhor trabalhadas, mas de forma geral, gostei. Pode acreditar que passarei os próximos dias procurando teorias sobre esse filme – e também sobre o livro!


E você? Qual a sua teoria favorita?


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