O Grito: Origens - Parte 2
- D. C. Blackwell
- 23 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021
Chegou a hora da parte final, meus amigos. E para a surpresa de poucos, terminei a minissérie entendendo a trama ainda menos. Entretanto, eu quero falar das partes boas, aquelas que fizeram meu tempo valer a pena, porque, afinal, a obra pode não ter sido uma maravilha, mas teve seus momentos de ouro.
Sem mais delongas, vamos lá:

Das coisas que pude entender sobre a trama envolvendo a segunda parte, a mais óbvia é que, seja lá o que for que está fazendo os espíritos se revoltarem, está conectado com a casa. Passado, presente e futuro se encontram por lá não só em forma de memória, mas também através de visões sobrenaturais. Isso explica algumas confusões temporais, que são um grande problema na minissérie. Falando nisso, acredito que boa parte dessa questão tem origem no fato de a obra se passar no Japão, pois tive a impressão de que as várias épocas em que as tramas individuais de cada personagem se cruzam não são muito bem referenciadas para o público ocidental. Já para os japoneses, imagino que tenha sido possível distinguir o período em que certas vestimentas e decorações eram usadas. Eu não consegui, desculpem. O bom é que tivemos outras pistas temporais, como os livros do Yasuo e as menções diretas às passagens de tempo.
Embora a trama tenha um passo cinzento e desprovido de senso de urgência, há momentos em que a tensão é crescente e efetiva. Através da noção de perda de sanidade dos personagens, somos inseridos em situações caóticas e imprevisíveis, e diversas vezes somos pegos de surpresa nesses momentos, sendo a confusão temporal até mesmo um recurso do terror às vezes. A lenta descoberta do passado de Yasuo é ponto alto nesse quesito, revelando que ele está muito mais conectado com a história da casa do que pensávamos no começo.

Sem sombra de dúvidas, a parte sobrenatural desta história é mera ferramenta para falar de temas sociais bem pesados e profundos, como comentei na primeira parte desta resenha. Dado este fato, há a impressão geral de que o roteiro e a direção não se sentem no dever ou necessidade de explicar ou ao menos buscar sentido claro no funcionamento da casa, dos fantasmas, das visões e daquela cena bizarra de combustão espontânea no final – que me deixará por muitos anos ainda a pergunta: “Por que?!”. Esta não é uma obra de fácil consumo para um ocidental. A narração, as referências socioculturais e a atuação do elenco difere muito da que o público brasileiro, mais adaptado às animações do país, conhece e entende como boa. Dito isso, eu não julgo nenhum aspecto desse filme seriamente porque não me parece justo. Por isso, me limito a dizer que tive bons e maus momentos assistindo O Grito: Origens, mas não me arrependo nem por um segundo sequer. Inclusive, recomendo para que você possa tirar suas próprias conclusões.
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