O Homem Invisível
- D. C. Blackwell
- 24 de mar. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021

O medo daquilo que não podemos ver ou controlar talvez seja o mais puro de todos os medos.
Leigh Whannell resgata do esquecimento um clássico da literatura e do cinema e nos presenteia com uma adaptação atual bem construída e de deixar os cabelos em pé do início ao fim deste longa que é O Homem Invisível. Este trabalho certamente é um ponto positivo na carreira de Leigh, que já atuou em Jogos Mortais e em Matrix, além de ter dirigido - e atuado - no famigerado Sobrenatural: A origem. Em sua breve carreira de diretor até o momento, Leigh conta com apenas quatro filmes, mas surpreende com seu talento para o ramo.
Em toda obra de arte, um dos objetivos principais sempre será transmitir um sentimento. É claro, uma obra pode falar de ideais, ou resgatar períodos históricos, mas estes são elementos que estão sempre involucrados em arte, e para que agrade ao público – para que o cative verdadeiramente, a despeito dos temas abordados, o elemento que se torna sempre indispensável é o sentimento, ou a sensação, se preferir. Num thriller, como O Homem Invisível, há um agravante, pois o grande objetivo do thriller é fazer com que o espectador se segure na cadeira com os nervos à flor da pele, sem desviar os olhos da tela, com medo de perder algo importante – ou pior: medo do que vai acontecer com o protagonista a qualquer momento.

Neste longa, Leigh mostra que sabe o que está fazendo. As cenas mais tensas do filme são aquelas em que a câmera aponta para um canto vazio, nos fazendo sentir completamente aterrorizados pela ideia de que Ele, o Homem Invisível, pode estar ali, olhando para a pobre Cecilia, espreitando como um predador astuto e perverso. Não obstante, acredito que o filme não teria sido tão grandiosamente bem elaborado sem a maravilhosa e brilhante Elisabeth Moss – um nome que a grande e esmagadora maioria deve conhecer como June Osbourne de O Conto da Aia ou Peggy Olson de Mad Men. Elisabeth consegue transmitir todo o horror e pesar no coração de uma vítima de um relacionamento abusivo. Nós, espectadores, não precisamos que o filme nos mostre lembranças de Cecilia para entendermos o trauma ou o quão monstruoso era o abuso que ela sofria, embora tenhamos inúmeras provas disso ao longo do filme. E isto é crível apenas pela espetacular atuação de Elisabeth, que nos insere de tal maneira dentro dos sentimentos de Cecilia, que somos capazes de vivenciar junto a ela toda sua dor e sofrimento, suspirar e chorar de frustração e medo com ela.
A conexão do longa com o livro de Wells é mais forte do que se imagina. Em sua essência, as duas histórias nos fazem as mesmas perguntas: Quem somos quando nos tornamos invisíveis? De que monstruosidades somos capazes quando totalmente isentos de culpa ou responsabilidade? Todos sabemos o que o anonimato faz com as pessoas na Internet. Quando isentos de rostos, talvez sejamos apenas quem realmente somos. Talvez seja a máscara um mero escape para revelar nossas verdadeiras naturezas. E num mundo altamente tecnológico, onde o anonimato é de fácil acesso e as mentiras são como labirintos virtuais, as coisas nem sempre são o que parecem, mas as regras sempre se aplicam àquilo que podemos ver. Isso sim é assustador, tal qual explicitado na obra original, pois Wells tinha razão em ver tecnologia como fruto de muitos pesadelos – sendo estes muito mais reais do que ele sequer seria capaz de conceber em seu tempo.

E você? Sob o título de Homem Invisível, seria vilão ou herói?
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