O Homem Nas Trevas (2016) - Crítica
- D. C. Blackwell
- 4 de set. de 2021
- 3 min de leitura
O longa de 2016 é dirigido por Fede Alvarez e produzido pelos ilustres Sam Raimi e Robert Tapert, responsáveis por obras icônicas como A Morte Do Demônio e Xena: A Princesa Guerreira. Dito isso, dá pra entender o sucesso, que levou à continuação que estreou esta semana nos Estados Unidos.
A trama é simples. Um trio de jovens ladrões de propriedade decidem atacar a casa de um veterano de guerra cego. Eles só não imaginavam que o plano perfeito deles falharia, e eles acabariam presos numa casa com um maníaco ensandecido.
Algumas coisas a apontar já de início: nem tudo no roteiro faz pleno sentido. É bom começar pela parte ruim às vezes, não? Pois já de cara temos uma situação muito improvável que, se fosse mais realista, tornaria o filme impossível. Esse, para mim, é o maior defeito de O Homem Nas Trevas, e precisa ser relevado para que se possa apreciar o resto do filme. Um momento que outro, mais para o final, também acabam ficando um pouco improváveis e até mesmo absurdos, e, embora tenham sido poucos, impactam muito no clima. Então, já comidas as bordas queimadas, partimos para o miolo da pizza.

A Ambientação é nota dez. Apesar dos furos de roteiro, a proposta de aterrorizar o espectador com momentos eletrizantes e angustiantes de tensão é levada a sério, e as sensações maravilhosamente desagradáveis que o filme tenta passar são transmitidas com sucesso. Não somente por causa dos efeitos visuais impecáveis, mas também pela trilha – ou a falta dela -, a atuação do vilão e a maneira como as cenas de violência são gravadas. Tudo tem um toque muito realista e brutal, seco e chocante que torna tudo muito mais assustador. O silêncio é uma parte muito importante do longa, e me fez quase levitar da cadeira de nervoso em vários momentos.
Uma das coisas mais interessantes sobre a obra é que ela vai nos surpreendendo constantemente. Eu fiquei sem saber o que iria acontecer a seguir pelo menos umas três vezes até tudo acabar, e ainda assim tive a horripilante sensação de que não havíamos chegado ao fim da história. Daí a engenhosidade de Fede em conseguir empolgar com sucesso os espectadores com a notícia da continuação. Não obstante, além dos simples eventos que giram em torno da ação, temos cenas grandiosamente horríveis que tornam nosso vilão cada vez mais sombrio e medonho, culminando com o horror de um tema que jamais vai cair em desuso, infelizmente – o estupro. Se você ainda não assistiu ao longa, prepare-se para ficar nauseado com algumas cenas chocantes que vão além da agressão física.

Sobre a moral da história, existe uma estranha dicotomia aí: nenhum dos personagens é bom. Pode-se até discutir quem é menos doentio ou quem tem mais motivos para fazer a coisa errada, mas nenhum deles escapa de se encontrar numa posição moralmente obscura, embora eu não diria que é possível escolher para quem se vai torcer. Depois de algumas revelações, a decisão é unânime por uma questão de comparação. Há crimes perdoáveis, e há crimes que não, ou assim pode se julgar o senso comum, e ao longo da trama é possível ver um mal sobrepujando o outro através das ações dos personagens e também de suas motivações – sim, uma pessoa pode tomar decisões erradas ou feias por motivos puros, é por isso que dizemos que errar é humano.
Em linhas gerais? Me apaixonei. Não é novidade que haja furos de roteiro num filme de terror, já estamos acostumados a isso. Chega um ponto na análise de narrativa em que devemos nos perguntar o que importa mais, e quanto cada parte afeta o todo. Algumas decisões preguiçosas foram tomadas para facilitar a vida da direção, mas a tensão, o choque e o horror fizeram valer cada minuto. Estou ansioso para assistir a sequência.
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