Por que O Senhor dos Anéis é eterno
- Gisele Alvares Gonçalves
- 18 de jun. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021
Olá, hobbitses de todos os cantos do Brasil, como vocês estão? Hoje vamos falar sobre a trilogia que marcou a minha vida, que me transformou em historiadora e fez eu escrever meu próprio livro de fantasia medieval: sim, não poderia ser outra que não O Senhor dos Anéis, dirigida por Peter Jackson e estrelando Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen entre tantos outros. Uma obra-prima em todos os departamentos e rolo compressor no Oscar em seu último ano. Trilogia esta que, na minha opinião, é o melhor audiovisual produzido até os dias de hoje.

Fico muito triste quando vejo pessoas comentando que dormem vendo O Senhor dos Anéis, ou falando que essa história tem um ritmo lento e é entediante. Gente, se vocês ainda não viram estes longas, posso afirmar que tais dizeres não são mais do que falácias! A narrativa é fluida e profunda, dando desenvolvimento para todos os seus personagens e suas jornadas, testando-os e auxiliando-os a crescerem nos momentos mais belos e dramaticamente poéticos que o cinema já nos legou.
De repente vocês podem me perguntar "Gisele, e os momentos de ação, eles existem nesta trilogia de forma satisfatória?", ao que eu vou responder alegremente "sim! Eles existem e são feitos com toda a qualidade que um exigente consumidor da Marvel poderia esperar". No primeiro filme, por exemplo, temos uma luta épica entre a sociedade (oito membros então, mas apenas quatro combatentes) e um exército inteiro de uruk-hais. Na segunda parte da trilogia, é-nos apresentada a batalha do Abismo de Helm, que ocupa boa parte do filme, e apesar de ser tão longa, não é nem um pouco cansativa (e olha que eu costumo não gostar de cenas de ação!).
Nesta batalha, ao contrário do que vemos em alguns filmes épicos, não temos apenas espadas brandindo e homens gritando o tempo inteiro, temos realmente a história se desenvolvendo! Vamos acompanhando cada estágio da invasão e das estratégias dos personagens, além de dramas e alívios cômicos a se alternarem. Neste meio, nós temos o Aragorn, grande herói desta guerra, que se prova inabalável como o aço de sua espada, tanto espiritual quanto fisicamente. O cansaço é real, o esforço é visível até nas roupas sujas do personagem, no suor de seu rosto, mas ele continua mesmo no fim da esperança, porque sabe que a perseverança de todos depende da sua. Sério, só vendo para saber! E eu aposto que, se você assistir mesmo à trilogia, vai acabar se apaixonando pela garra desse homem também.
No terceiro filme, temos a batalha final, que acontece nos portões de Gondor. Se o Abismo de Helm já impressiona pela veracidade dos sentimentos e pelo tom sombrio de toda a ação, Gondor é magnânima e gloriosa. Temos o exército de orcs, os homens do sul em olifantes, o rei bruxo de Angmar... tudo isso e muito mais, terminando com o assalto do exército fantasma comandado pelo Aragorn! A variedade de temas e subtemas não acabam, bem como de criaturas inimigas e aliadas, criando uma batalha rica e empolgante como poucas vezes temos em filmes épicos.
Para além de tudo isso, temos também personagens femininas muito interessantes, como a Arwen, a Eowyn e a Galadriel, cada uma representando um aspecto importante da feminilidade. Arwen é a elegância, a beleza e o amor, a mulher (elfa, no caso) que é pura poesia e mistério calmo, como se sua alma fosse feita da mais cara seda que conseguimos conceber. Sua jornada diz respeito ao dilema de arriscar sua imortalidade não apenas por seu sonho romântico, mas pelo desejo de se tornar mãe. No fim, tudo valeria a pena porque ela sabia que teria essa felicidade em sua vida, e mesmo que Aragorn morresse, ela ainda teria um outro amor para preencher os seus dias.
Eowyn, por outro lado, é a mulher à frente do seu tempo, que quer lutar junto aos homens por aquilo o que ama. Mulher livre, sem correntes, uma verdadeira força da natureza! E, ainda assim, suave e delicada... feminina. Ela representa a mulher prática e guerreira, que não teme as dificuldades da vida, que não fica apenas sentada na cama esperando a velhice chegar. Eowyn é, em resumo, a mulher-ação da trilogia, por quem eu tenho certeza que vocês vão se apaixonar!

Por fim temos Galadriel, a mulher-bruxa, feiticeira, poderosa. Sua aura, apesar de pacífica na maior parte do tempo, emana autoridade, e todos a obedecem. Ela é o temor do desconhecido, o fascínio que o futuro exerce em nós, uma deusa perigosa e amável ao mesmo tempo. Maquiavel uma vez perguntou se era melhor ser temido ou amado enquanto líder... Bom, Galadriel tem esses dois sentimentos na palma da sua mão.
Se tudo isso que eu falei ainda não o convenceu de que O Senhor dos Anéis é a melhor obra de audiovisual até hoje, se atenta para esses detalhes: a fotografia é bela e super realista, apesar de se tratar de uma trilogia de fantasia medieval. Achou que ia encontrar magos atirando raios o tempo todo, ou arremessando bolas de fogo com as mãos? Na na ni na não! Aqui o negócio é tratado com a seriedade que a Terra Média merece, tornando estes filmes espetáculos para os olhos e o coração.
Vale lembrar também que, apesar do mundo em O Senhor dos Anéis ter ganhado um tratamento realista, os efeitos especiais foram pioneiros na época, e são a base para o que temos até hoje, em se tratando de filmes de fantasia. Peter Jackson é um homem tão incrível que criou do zero o estúdio Weta, que tem várias divisões, entre elas a Weta Digital e a Weta Workshop (para efeitos físicos e animação). Nesta empresa, que só seleciona a nata dos talentos mundiais, nasceram novas tecnologias e novas formas de tornar o impossível possível, sendo um marco para a história do cinema.
Não está contente ainda? Pois então ouça a trilha sonora: é de arrepiar os pelos do sovaco, como diria um maestro que eu conheci. Howard Shore, o compositor da trilha em questão, captou todos os aspectos do filme, tanto em questões das culturas mitológicas quanto a respeito dos sentimentos retratados no roteiro, que são profundos, mas suaves, poéticos e ora melancólicos, ora cheios de esperança. Esta é, afinal de contas, uma história sobre tempos sombrios, sobre dias cinzas e pesarosos, porém ela demonstra que o sol sempre volta a brilhar, e a nuvem obscura que ofusca nossos ânimos um dia se dissipa, e a vida renasce para todo mundo, sendo nosso trabalho encontrar nosso lugar depois que tudo é dito e feito.
E aí, gostou da resenha? Sentiu vontade de ver (ou rever) O Senhor dos Anéis? Em qualquer dos casos, só tenho uma coisa a dizer: vai fundo! Só não se esquece de assistir à versão estendida, porque ela contém vários detalhes importantes (e divertidos) sobre a trama, que você não deve deixar de conhecer. Um beijo a todos, e até a próxima!
Só digo uma coisa: Quem criticar O Senhor Dos Anéis e dizer que dá sono, vai levar tapão na orelha sim!
A trilogia O Senhor dos Anéis é uma das obras primas da história do cinema, isso é inegável. A trilha sonora é espetacular e a escolha dos atores e atrizes foi perfeita... tipo, não erraram em nada na produção! Vai demorar para outra trilogia sequer chegar aos pés de LOTR!!!