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Psycho-Pass - Crítica da temporada 1

  • Foto do escritor: D. C. Blackwell
    D. C. Blackwell
  • 14 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Já imaginou ser julgado pela probabilidade de cometer um crime? Em Psycho-Pass, isso não é nada estranho. Neste mundo, uma tecnologia revolucionária chamada Sistema Sybil desenvolveu um método para ler as ondas cerebrais das pessoas e identificar o quão perto de cometerem um crime elas estão, se baseando no nível de estresse do indivíduo, que pode aumentar ou diminuir de acordo com a situação. Mas não para por aí: como os policiais estão em contato direto com criminosos e situações estressantes, seus Psycho-Pass eventualmente acabam ficando turvos ao ponto de não haver mais recuperação, e quando isso acontece, os policiais se tornam cães de caça, servindo como buchas de canhão sem direito ou recompensa pelos seus deveres. E a nossa protagonista é a jovem policial recém-formada Akane Tsunemori.

Akane passou com as melhores notas do país, sendo elegível para qualquer cargo que quisesse. Quando entra para a polícia, ela é doce, tímida e inocente, e acaba sendo mais um fardo do que um auxílio para a ASP – Agência de Segurança Pública. É seu colega experiente e rabugento Ginoza quem a guia durante quase toda a primeira temporada, onde o terrorista Makishima Shogo, cujo Psycho-Pass nunca turva, começa uma série de ataques que, a princípio, parecem aleatórios, mas levam a um único desfecho – destruir o Sistema Sybil, que julga e prende as pessoas friamente em um mundo de ilusões, mentiras e fragilidade espiritual.



É difícil dizer quem é mais protagonista nesta história. Akane parece estar lá muito mais para tornar o espectador consciente da construção de mundo da série do que para agir diretamente na trama. Este papel fica para Kogami, um cão de caça irreverente e solene que foi rebaixado do posto de detetive por não conseguir desistir de um antigo caso nunca resolvido. Kogami e Makishima são rivais jurados de morte e vivem uma verdadeira briga de gato e rato ao longo da primeira temporada, e isso se deve porque Makishima foi o responsável pela morte horrenda do melhor amigo de Kogami.


O interessante sobre Makishima é que, mesmo sendo um vilão psicopata, seus ideais e seus objetivos são puramente libertários. Várias vezes ao longo da trama observamos como é injusto o julgamento do Sistema Sybil: As pessoas não podem se defender e, muitas vezes, sequer têm a chance de recuperação. Sob a mira da Dominator, só existe duas possibilidades, que são parálise ou morte. Não há oportunidade para buscar acalmar o criminoso latente ou dialogar, buscando a redução do seu coeficiente criminal para tentar recuperar o indivíduo. Os policiais são treinados apenas para supervisionar os cães de caça, deixando que eles apenas obedeçam suas armas. Nem o detetive nem o cão de caça têm algum poder de verdade, tudo se resume ao que o Sistema, frio e calculista, quer. As pessoas, por conta disso, foram ficando emocionalmente frágeis ao ponto de estarem em constante terapia, fazendo com que qualquer alarde cause um transtorno grave que acabe punindo-os com a prisão ou com a morte. O Sistema, ainda, controla quais áreas são as melhores para cada indivíduo, tirando a real liberdade de escolha de vida das pessoas, além de proibir qualquer coisa que possa alterar o Psycho-Pass, como literatura, pinturas, músicas e todo tipo de arte que seja subversiva. Já imaginou não poder ler um drama ou assistir um filme de terror?



Não demora muito para percebermos que há um vilão ainda pior que Makishima, e ele se chama Sistema Sybil. Quando é revelado o grande segredo do Sistema, fica claro que ele jamais deveria existir. Cada vez mais vamos torcendo para que Makishima consiga derrotar o Sistema, pois a essa altura, já não se sabe quem fez mais mal, mas sabemos quem ainda fará por muitas e muitas eras, se deixado solto. O Sistema Sybil é, para todos os efeitos, autoritário, e diferentemente do que pensamos no começo da série, ele não é apenas um sistema penal, mas também político, social e econômico. E a coisa é tão complicada que a própria Akane, quando descobre toda a verdade, não sabe o que fazer. A sociedade já está condicionada ao sistema vigente. Tirar o Sybil traria apenas caos e morte, porque as pessoas já estão espiritualmente abaladas e frágeis. Além disso, não há força policial preparada para conter uma crise desse calibre. Em outras palavras, a única saída para acabar com a ditadura Sybil é através de um processo longo de dor e violência, e por isso o sistema deve ser mantido aos olhos de Akane. Porém, até ela mesma admite, uma hora alguém vai tentar libertar o Japão novamente. E não irão parar até conseguir. De alguma forma, Akane parece até desejar que isso aconteça.

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