Punky, a menina que ilumina toda vez que a gente vê
- Ana Franskowiak
- 12 de out. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de fev. de 2021
Saudações Cósmicas!
Nunca mais eu vou dizer que essa vida me aborrece…
Se essa introdução ativou uma musiquinha na sua cabeça, venha comigo. Em caso negativo, venha também. Quem sabe você descobre que, no final do arco-íris, há algo ainda melhor que um pote de ouro.

Punky Brewster ou, Punky, a Levada da Breca, foi uma sitcom criada por David W. Duclon, transmitida originalmente entre 1984 e 1988 e exibida durante a década de 90 no SBT, posteriormente pela Rede Bandeirantes com nova dublagem, e novamente pelo SBT até o ano de 2015. A série originou uma animação de duas temporadas dublada pelo elenco original e transmitida entre os anos 80 e 2000. E, recentemente, notícias acerca de uma continuação, com foco na vida adulta da protagonista, como mãe solteira de três crianças, fez brilhar os olhinhos de muita gente, incluindo os meus.
Mas por quê?
Tem-se deflagrado nos últimos tempos uma expressiva onda de saudosismo, inclusive de pessoas que não viveram o tão falado período da década de oitenta, porém receio não ser o caso aqui, uma vez que não se trata de remake, mas de continuação. E, embora uma continuação admita flashbacks, ocorre que “ainda temos muito que aprender com você”, Punky Brewster, ou Penelope Baker.

Não vou me demorar aqui a respeito do quanto eu e, muito provavelmente, uma legião de crianças deve ter sonhado em ter o quarto, a casa da árvore da Punky e até mesmo em se vestir igual a ela. Cor e vitalidade são uma característica indelével da personagem e precisamente o que mais fazia falta a alguém como o fotógrafo Arthur Bicudo (Sisudo?) ou, conforme a animação e no áudio original, Henry Warnimont, que, um dia, encontra uma menina órfã e seu cachorro ainda filhote (Pinky no seriado e Brandon na animação) no seu apartamento e decide adotá-la. Daí por diante, o que temos é uma série de situações cômicas, porém, sempre intercaladas com reflexões profundas e falas emblemáticas que quem assistiu nunca mais esquece.
É verdade que animação atenua muito as personalidades (especialmente do resmungão senhor Arthur) e peca por não ter preservado personagens fabulosas como o síndico atrapalhado Edu (Eddie Malvin no original, e interpretado por Eddie Deezen), a icônica Dona Luíza Alves (te arranca antes que eu vá aí te arrancar!), interpretada por Susie Garrett, e o incomparável Mike Fulton (T. K. Carter), professor de Punky e sua turminha: Cátia (Cheris Johnson), neta de Dona Luíza, a ligeiramente esnobe Margaux Kramer (plebeus!) vivida por Ami Foster, e o avoado Júnior (ou Allen) Anderson de Casey Ellison. Entretanto, agregou uma presença mágica e psicodélica igualmente inesquecível: Glomer, uma criaturinha fofa possuidora de poderes mágicos, que vivia em uma cidade situada no final do arco-íris e acaba não conseguindo voltar para ela antes que o arco-íris desapareça, sendo adotado por Punky.

Além das excelentes atuações, a série contou algumas vezes com participações especiais, como a de Andy Gibb, que dá aulas de piano a Punky, louca para aprender a tocar músicas do Prince e da Cyndi Lauper, e pelo qual o coraçãozinho da Cátia pula que nem pipoca, segundo suas próprias palavras. Em outro episódio muito icônico, no qual as crianças vão para a escola caracterizadas da profissão que desejam exercer quando crescerem (Júnior quer ser o Rambo…), Punky revela seu sonho de um dia ser astronauta, o que coincide com a explosão do Challenger, fazendo com que ninguém menos que Buzz Aldrin venha convencê-la a não desistir do seu sonho (casualmente, enquanto o senhor Arthur serve de manequim para o vestido de Dona Luíza…).
Quem não se angustiou pelo Pinky, no episódio em que ele é atropelado, ou quis participar da corrida de carrinhos de controle remoto, usando disfarce ou não? Quem nunca se sentiu deslocada ou deslocado, ou melhor, tentando ser uma lânguida flor, quando sua natureza é a de uma inquieta abelhinha? Se eu tivesse de resumir Punky em uma única palavra, essa seria espontaneidade, aquela qualidade que perdemos conforme supostamente amadurecemos, e passamos a nos fechar em mundos cinzentos que mais nos aproximam de um processo cruel de apodrecimento.
Conforme o site Deadline, Soleil Moon Frye, protagonista da série, também será sua produtora executiva, e além de ser retratada como mãe, haverá de conhecer uma menina órfã cuja trajetória lembra muito a sua própria, e espero que lembre mesmo, sendo a nova protagonista de episódios tão marcantes quanto Bye bye, My, no qual ela perde a Minha (sua o quê? Não, dela!), Visit to the Doctor/Go to Sleep, o qual mostra a um só tempo que crianças não são tão inocentes assim, e que mesmo pessoas adultas podem sofrer com medos “infantis”, e o incrível Dog Dough Afternoon, no qual não somente Punky decide ajudar a “se sustentar” dando banho em cães, como vai a um banco pedir um empréstimo com essa finalidade num misto de nobreza e inocência.
Ah, e se alguém entendeu a piada do Paul Mc Cartney no episódio Urban Fear, por favor, não hesite em comentar.
Um feliz e colorido dia da criança e do widzenia!
Ameeeei a matéria! Uma das séries mais marcantes da minha infância! Realmente, apesar das situações espontâneas e divertidas, havia toda uma carga emocional envolvida nos personagens, o que nos fazia refletir ao final de cada episódio.
Sinceramente, espero que a continuação consiga trazer novamente aquela sensação de imersão e felicidade que animação e série conseguiam trazer apra nossas mentes e corações.
Com certeza, estarei curtindo a continuação, com a maturidade alcançada ao longos dos anos e o eterno coração puro, singelo e inocente de uma criança!