Tales from the Loop - S01E03
- Angers Moorse
- 22 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021

Salve, salve, galera! “Stasis”, o terceiro episódio dessa série maravilhosa, trouxe mais uma daquelas pedradas na cabeça, que fazem você pensar na sua vida e rever alguns conceitos. Quer saber mais? Então vem comigo!
Tales from the Loop é uma das séries com melhor fotografia que tenho visto nos últimos tempos. Não somente isso, mas todo o conjunto da obra me deixa encantado com ela. A cada novo episódio, um novo mistério e algumas reflexões.
Pois bem, o episódio traz o relacionamento entre dois jovens - May, interpretada por Nicole Law, e Ethan, interpretado por Danny Kang - e o desejo de eternizar alguns momentos desse relacionamento. Quem nunca teve uma experiência tão especial que gostaria de nunca mais sair dela?
Talvez aquele primeiro beijo, a primeira noite de amor, uma brincadeira divertida ou uma simples conversa. Quem sabe a formatura, casamento, nascimento de filho ou uma conquista muito esperada. Enfim, em nossa vida passamos por, ao menos, um ou dois momentos especiais que desejaríamos eternizar.
Dentro da filosofia, o conceito de eternidade é baseado na ausência do tempo, ou em algo que não pode ser medido pelo tempo. O significado da palavra eternidade vem do grego aeturnus que, por sua vez, é uma derivação de aevum, que significa “tempo”. Para a Teologia, há quatro pontos fundamentais dentro da eternidade:
uma vida;
sem começo e fim;
sem sucessão;
do mais perfeito tipo.
E o que significa isso, na prática? Quer dizer que um momento, para ser eternizado, precisa estar sendo vivido, não ter um ponto de partida nem de chegada, não ser contínuo e ser perfeito. E qual a melhor forma de se conseguir isso? Parando o tempo!
Calma… você deve estar pensando que isso é alucinação minha. E se eu te disser que há várias pesquisas científicas sérias em curso sobre o assunto e que há, sim, uma possibilidade de que isso aconteça no futuro (muuuito distante, aliás!)? Segundo estudos, daqui a 3,7 bilhões de anos, há a possibilidade de o tempo parar totalmente. Isso graças à expansão após o Big Bang e a uma aceleração na expansão do Universo.
E sobre a possibilidade de se parar intencionalmente o tempo? Para isso, seria necessário alcançar velocidade superior à da luz (em torno dos 300 mil quilômetros por segundo). Ainda há muito mistério envolvendo a chamada Matéria Escura (também conhecida como Energia Escura), que pode influenciar diretamente nesse aspecto.

Certo.. até agora tudo legal e interessante. Mas o que isso tem a ver com o episódio? Bem… de alguma forma, isso aconteceu. Quando May encontrou um dispositivo misterioso num lago (uma espécie de tubo amarelo, com duas abraçadeiras metálicas e com uma chave ON/OFF) e o consertou, ela e Ethan puderam fazer o tempo parar. E a explicação para isso é que me deixou curioso.
De acordo com as leis da física moderna, se fosse possível parar o tempo, nossos sentidos também seriam afetados, pois não haveria ar circulando nem ondas sonoras, o que afetaria tanto a audição quanto a fala, além de afetar outros sentidos e movimentos. Ocorre que, de alguma forma, May e Ethan continuaram normais, sem sofrerem os efeitos da paralisia temporal. De resto, ninguém escapou. Nem árvores, pássaros, cachorro mijando em poste… enfim, tudo ficou parado.
Com o tempo todo disponível para eles, foi só deixar a imaginação rolar. Até que… os conflitos surgem. E é nesse ponto que quero chegar. Até quando valeria a pena parar o tempo para eternizar algum momento? Será que não seria muito egoísmo de nossa parte querer isso? E se você, ao parar o tempo, descobrisse coisas tristes e trágicas, como seria sua reação? E as pessoas ao seu redor, como se sentiria em relação a elas?

É como diz o Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes: “... Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”! Essa é a reflexão que o episódio nos traz: vivam cada momento da melhor forma possível e deixem que o tempo cuide do tempo que ele deve durar. E que você tenha momentos “eternos” e mágicos em toda a sua vida!
Poxa… esse episódio de hoje mexeu com a veia poética pra valer! Sobre a parte científica, resta saber qual a explicação sobre o dispositivo e como ele contrariou algumas leis da física. E se, de alguma maneira, ele tem relação com O Loop… e eu aposto que sim.
Para terminar, há uma frase fantástica no episódio, dita pelo pai da May: “Às vezes, as coisas são especiais porque elas não duram”. Óbvio que ninguém quer, em um relacionamento, por exemplo, que esses momentos acabem logo, mas sim que sejam duradouros. Mas se for para levar uma vida inteira de sofrimento, é preferível que não durem muito e que sejam maravilhosos enquanto for possível.
Só senti falta do nosso simpático robozinho, que não deu as caras… fiquei esperando por uma aparição, mas não foi dessa vez. Minha avaliação sobre o episódio? Incrível! Vale a pena saborear cada capítulo dessa série maravilhosa e fazer as reflexões que ela nos traz, explícita ou implicitamente. Fico cada vez mais curioso em saber o que acontecerá para frente.
Então é isso! Nos vemos na próxima!
Commentaires