Tales from the Loop - S01E04
- Angers Moorse
- 29 de abr. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021

Salve, salve, galera! “Echo Sphere”, o quarto episódio dessa série belíssima, foi de longe o episódio mais emocionante e dramático até agora. Preparem os lencinhos (estou falando sério), porque esse episódio pode mexer profundamente com você!
Desta vez, temos como personagens principais nosso simpático e bom velhinho Joss e seu neto Cole, e vemos os últimos momentos entre eles. Quem já passou por essa situação, esteja preparado para a carga emocional que o episódio trouxe. E, para quem ainda não passou por isso, é uma excelente reflexão.
Nos primeiros momentos da série, parece tudo normal. Uma família normal, um relacionamento muito fofo entre um neto e seu avô, a figura simpaticíssima de Joss e aquele menino que dá vontade de levar pra casa de tão simpático que é! Além dos dois, temos o pai e a mãe de Cole, o irmão dele e a avó. Enfim, uma típica família que se dá bem e nos serve de exemplo.
Tudo segue o fluxo normal... e ainda houve algumas menções sobre o Loop na trama, o que me deixou mais curioso. Logo depois, Joss vai até o Loop, em um dia normal de trabalho. Aí, eu pensei: “será que veremos alguma surpresa lá?”. Infelizmente, o que foi mostrado é bem superficial, mas dá a entender que muitas pesquisas e estudos ocorrem por ali.
Ocorre que, a partir dos oito minutos é que a felicidade acaba e, a partir desse ponto, é só ladeira abaixo. Peraí, está me dizendo que o episódio foi bom somente nos primeiros oito minutos??? Calma, nada disso! Quando eu digo “ladeira abaixo”, é porque uma ligação muda todo o rumo da história… e das emoções envolvidas.

Quando Joss recebe a ligação de sua médica, na hora eu pensei “ih, deu ruim”... parece que eu estava adivinhando. Era a sentença de morte dele. E é a partir desse ponto que começamos as reflexões sobre o episódio… por sinal, serão bem intensas e profundas. Se você já passou por algo parecido, esteja avisado.
Já pararam para pensar se alguém chegasse para vocês e dissesse que você tem somente alguns dias, semanas, meses ou anos de vida? Se, para a família já seria um baque imenso, imaginem como seria para a pessoa que recebe a notícia… acho que é até pior.
Só quem passou por um momento assim sabe o tamanho da dor que sentiu, e que talvez sinta até hoje. É aquela coisa de olhar para o lado e ver que falta alguém, um prato a menos na mesa na hora do almoço, um travesseiro a menos na cama ao dormir, um assovio ou pergunta sem resposta, enfim… falta nossa “metade da laranja”. A vida ganha tons mais escuros e, muitas vezes, não encontramos mais uma razão para viver (ou sobreviver).
Muitas vezes, as partidas são muito bruscas e, muitas vezes, são muito longas. Alguns se vão tão jovens, enquanto outros vivem até mais de um século. Enquanto alguns brincam de roleta russa com a vida, muitos lutam por anos e anos contra a morte. Destino? Escolha? Coincidência? Acaso? Realmente, não sabemos a resposta.
A forma de Cole lidar com a notícia é comovente. Ele luta bravamente para encontrar uma forma de o salvar, ainda mais quando Joss, no início do episódio, diz a ele que o trabalho dele é tornar o impossível em possível. Pensem em como isso ecoa na cabeça do neto que, motivado pela fala, tenta encontrar um meio de evitar que o pior aconteça. Até mesmo uma invasão não autorizada ao Loop, interceptada pela mãe, Loretta.
Falando em Loretta, referência ao primeiro episódio da série, quando Cole comenta sobre a garotinha que pediu ajuda a ele para reencontrar sua mãe. Ficou claro que ele não soube o que realmente aconteceu naquele momento. Talvez nunca saiba, ou descubra isso no final da temporada… ficou aberta essa possibilidade.

Você deve estar se perguntando agora “Afinal, o que o título tem a ver com o episódio?”. Echo Sphere é uma esfera que tem certa particularidade: a quantidade de vezes em que o som é repetido indica quanto tempo você vai viver. Quando Joss mostra a esfera ao neto e ele faz o teste, sua voz ecoa por seis ou sete vezes. Cole pede ao avô que faça o teste e, ao falar algo, nenhum eco acontece. No telefonema da médica, senti que era coisa ruim. Quando teve a cena da esfera, tive certeza que Joss iria morrer… senti aperto no peito por causa dessa cena.
Enquanto George (pai de Cole e filho de Joss) e Jakob (irmão de Cole) tentam de alguma maneira aceitar a situação, Cole nega-se a aceitar o fato e luta para encontrar uma forma de salvar o avô. Em meio a tudo isso, Loretta é escolhida por Joss para dar continuidade ao seu trabalho. Óbvio que todos sentiram muito a notícia, mas achei que foram um pouco frios demais. Não sei se pelo fato de que a série tem um lado mais científico que dramático, mas pecou por uma carga emocional maior… pelo menos, na minha opinião.
Cenários belíssimos, trilha sonora incrivelmente pensada para o episódio e atuações que, se não foram brilhantes e intensas, não deixaram a desejar, principalmente em relação a Cole… Duncan Joiner mandou bem como Cole, Jane Alexander foi muito querida no papel de Klara e Jonathan Pryce foi um fofo e mexeu com nossos sentimentos como Joss… aliás, a cena dele chorando ao chegar em casa foi de cortar o coração em mil pedaços!
Voltando às reflexões: se você já perdeu alguém que amava, conseguiu perdoá-lo antes da partida? E, se você ainda não passou por isso (infelizmente, todos nós passaremos por essa experiência, mais cedo ou mais tarde), aceitaria perdoar a pessoa que está indo? Ou, se for você quem está prestes a morrer, como deixaria seu coração antes da partida? Cheio de mágoas e tristeza ou puro e leve?
A vida passa em um sopro. Quando crianças, achamos que o tempo é infinito, que seremos eternamente jovens. À medida que crescemos e nos tornamos jovens e adultos, entramos em uma correria desenfreada que deixamos passar despercebido todos aqueles pequenos instantes que, aos olhos de uma criança, eram tão especiais. E, na maioria dos casos, só nos damos conta disso quando estamos prestes a deixar nossa existência.
Brigamos tanto, discutimos, agimos de forma inconsequente, hipócrita e egoísta, criamos armas e guerras em vão, destruímos nosso lar, nosso planeta e as pessoas que habitam nele conosco… e por quê? Para quê? Independente de sua crença religiosa ou científica, se acredita ou não em reencarnação, o certo é que somos apenas passageiros nesse trem chamado vida e, mais cedo ou mais tarde, nossa viagem chega ao fim.
Mas, no final das contas, o que importa é: valeu a pena essa jornada? Nos tornamos pessoas melhores ou piores com ela? Conseguimos transformar a vida das pessoas ao nosso redor em céu ou inferno? E, para mim, o principal: conseguimos evoluir, ou nossa vida foi uma mera passagem?
Portanto, sejamos mais humanos. Façamos tudo o possível para que nossa jornada não tenha sido em vão. Perdoem mais, amem mais, abracem e beijem mais, tornem a vida dos outros tão ou mais feliz quanto possível… sejam incondicionalmente melhores, sem dar ou exigir nada em troca. Façam com que a partida de alguém que amamos (ou nossa própria partida) não seja um evento traumático, mas sim um rito de passagem repleto de lembranças, recordações e momentos bons… e, o principal, que seja transbordante de amor!
Bem… eu avisei que a reflexão de hoje seria pesada, ainda mais no momento de pandemia no qual nos encontramos. De coração, espero que essa resenha possa ajudar você que está com o coração apertado, a aliviar um pouco a tensão de alguma forma. E lembrem-se: All We Need Is Love!
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