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Um professor chamado Senhor Miyagi

  • Foto do escritor: Angers Moorse
    Angers Moorse
  • 15 de out. de 2020
  • 6 min de leitura

Atualizado: 6 de nov. de 2020



Salve, salve, galera! Neste mês de outubro, temos duas datas mais que especiais praticamente juntas. E, se analisarmos com certo olhar, vemos que essas duas comemorações estão, de certo modo, conectadas. Mas de que forma o Dia das Crianças e o Dia do Professor coincidem?


Muito embora o dia 12 de outubro seja, em sua origem, uma data mais religiosa (a data foi fixada pela alta cúpula da igreja católica em 1954, como data comemorativa à Nossa Senhora Aparecida), essa data foi aprovada em 5 de novembro de 1924, através do Decreto n° 4.867, pelo então presidente Arthur Bernardes, como o Dia das Crianças.


A data comemorativa às crianças teve mudança em 1940, através de novo decreto instituído pelo presidente Getúlio Vargas, alterando a data alusiva ao Dia das Crianças para 25 de março. Contudo, após uma promoção conjunta da fábrica de brinquedos Estrela com a empresa Johnson & Johnson em 1960, para lançar a "Semana do Bebê Robusto" como forma de alavancar as vendas, é que o dia 12 de outubro foi definitivamente oficializado como o dia destinado às crianças.


Pois bem… e a origem do Dia do Professor? Vamos aos fatos. Em 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial instituindo a criação do Ensino Elementar no Brasil. Passados cento e vinte anos do decreto, o educador Samuel Becker teve a ideia, em 1947, de organizar um dia de folga e fazer a análise do restante do ano letivo.


A ideia teve maciça aceitação por parte de alunos e professores, e o dia 15 de outubro foi instituído como feriado destinado ao Dia do Professor, de modo oficial, através do Decreto Federal n° 52.682, de 14 de outubro de 1963. Assim, a data ganhou ares oficialmente comemorativos aos mestres e educadores.


Mas você deve estar se perguntando: qual a relação entre as duas datas? Se fizermos uma análise mais direta e brusca, podemos traçar a seguinte linha lógica: há vínculo e ligação direta entre crianças (alunos) e professores. Um necessita de alguém para o ensinar não somente questões acadêmicas e educacionais, mas, também, sobre convivência social. Sei que isso pode soar polêmico, mas os educadores têm, direta ou indiretamente, essa dura função a si atrelados.


Por outro lado, o outro necessita de alguém para passar todo o conhecimento e experiência de vida e acadêmica. E, se há alguém tão ávido e ansioso por acumular conhecimentos, esse alguém são, obviamente, as crianças. Acho que chegamos a um elo entre as duas datas, correto?


A palavra PROFESSOR tem origem na palavra latina PROFESSUS, que significa “pessoa que declara em público” ou “aquele que afirma publicamente”. E PROFESSUS é derivada do verbo PROFITARE, que significa “afirmar/declarar publicamente”. Em resumo, a expressão era utilizada para aquelas pessoas que se declaravam aptas a exercer alguma função que, no caso, era ensinar. Dados históricos apresentados, ligações efetuadas, enfim… tudo muito lindo. Mas que diabos o Senhor Miyagi está fazendo na foto da capa desta matéria? Simples, ele também é um professor!


A primeira visão que vem à mente quando ouvimos falar em professor é de uma pessoa que tem conhecimento e experiência em uma sala de aula, à frente de vários alunos enfileirados em carteiras, com seus livros e cadernos em mãos e dispostos a aprender matérias como artes, matemática, ciências, humanas e biológicas, entre outras. Mas a coisa vai muito além disso. E um bom exemplo é na saga de filmes de Karate Kid.



O bom velhinho semi-calvo, de ralos cabelos brancos, discreto bigode e cavanhaque, olhar baixo e manso e voz calma e serena, que se utiliza de métodos nada convencionais (e, por vezes, até estranhos), esconde um oceano de experiência e conhecimento dentro de si. Também conhecido como Keisuke Miyagi, o sensei teve inúmeras condecorações militares no exército norte-americano antes de se dedicar à arte de ensinar artes marciais a seus alunos.


Nos filmes da saga, Sr. Miyagi foi mentor/professor dos personagens Daniel LaRusso (interpretado por Ralph Macchio) e Julie Pierce (interpretada por Hilary Swank). Mas, certamente, o mais marcante de seus alunos foi justamente LaRusso, um jovem franzino e fracote, que acabara de mudar de cidade e já era perseguido pelos valentões da escola a qual frequentava. Embora não gostasse de se envolver em confusões, suas atitudes infantis o metiam em vários problemas.


Foi a partir do encontro dele com o Sr. Miyagi que as coisas começam a mudar. O sensei passa a ensiná-lo não somente as artes marciais, mas toda a cultura e ensinamentos ocultos nas entrelinhas dessas artes. Mesmo com todos os ensinamentos do sensei, o jovem Daniel acabava cedendo a seus impulsos quase que infantis e acabava arrumando confusões a todo instante.


Mas, com o passar dos anos e a convivência adquirida com seu mestre, Daniel aprende a se tornar um habilidoso lutador e, ao mesmo tempo, uma pessoa melhor, mais equilibrada e evoluída. E esse respeito e carinho com o mestre é trazido novamente às telas na série Cobra Kai, da Netflix.


Outro dos pupilos (no caso, pupilas) do Sr. Miyagi foi a personagem Julie Pierce, neta da viúva de seu comandante das Forças Armadas Norte-Americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma festividade de comemoração a ex-soldados nipônicos que lutaram na guerra, Louise encontra o sensei e o apresenta à filha Julie, uma jovem problemática e revoltada pela perda de seus pais. Aos poucos, o sábio sensei vai entrando na mente da jovem e se tornando, além de um mestre para ela no ensino das artes marciais, um grande amigo.


Sob a brilhante interpretação do ator Pat Morita (que, aliás, teve uma história de vida impressionante e cheia de reviravoltas), o amado Sr. Miyagi conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo com sua paciência, sabedoria e seus ensinamentos. Aqui, temos alguns deles, apresentados em alguns dos filmes da saga:


“Se raiz forte, árvore sobrevive”
“Faixa só serve para segurar calças”
“Não existe mau aluno, só mau professor”
“Se vem de dentro de você é sempre certo”
“Luta sempre última solução para problema”
“Certo perder para oponente, não perder para o medo”
“Se procura se vingar, comece cavando duas sepulturas”
“Não importa quem é mais forte, mas o mais inteligente”
“Para pessoas sem amor no coração, viver é pior castigo”
“Mentira se torna verdade só se alguém quiser acreditar”
“Melhor karatê está dentro de você. Hora de deixar sair”
“Quando sentir que vida está fora de foco, volte ao básico. Respire”
“Nunca coloque paixão acima do princípio, mesmo quando você ganha, perde”
“Assim como o bonzai viver dentro da árvore, resposta vem dentro de você”
“Às vezes é melhor ficar incomodado de barriga cheia, do que de barriga vazia”
“Ou seu karatê diz sim, ou diz não. Se seu karatê mais ou menos, te esmagam como uva”
“Se karatê usado para defender honra, significar algo. Se usado para defender metal, não significar nada”

Muitas dessas frases impactantes podem ser utilizadas por nós como verdadeiros mantras para o dia a dia. E é interessante perceber como um personagem fictício pode ser tão real, tão próximo a nós. Como ele pode nos entender tão bem, conhecer nossos pontos fortes e fracos, nossa arrogância e humildade, nossos medos e coragem, nossas trevas e luz.



Uma curiosidade interessante que vale frisar é que Morita, interpretando um papel de mestre, foi também um aprendiz durante as gravações. Sem conhecimento prévio de artes marciais, contou com a mentoria do mestre de caratê Fumio Demura, que foi dublê do ator nas cenas de ação do filme. Morita acabou se inspirando no carateca e amigo para criar um personagem tão marcante e icônico dentro dos cinemas de artes marciais. Um mestre sendo aluno e aprendendo com seu mestre.


Para mim, lembrar de professores nos cinemas e não associar a nobre profissão ao mestre sensei Sr. Miyagi é algo quase que impensável. Embora não seja aquele catedrático padrão da maioria dos filmes, que leciona artes, ciências e áreas sociais e trabalha em prol da mudança e melhora de valores de seus alunos, é ilógico não admitir que um mestre que ensina valores como disciplina, equilíbrio, humildade, sabedoria e paciência ser descaracterizado como professor.


Aliás, Senhor Miyagi foi (e, ainda, é) uma das maiores influências para crianças e jovens mergulharem no mundo das artes marciais, principalmente o karatê. E agora, na série Cobra Kai, Daniel Sam tem a chance de continuar o legado de seu mestre e se tornar um novo nome de referência no estilo. Se colocar tudo o que aprendeu com seu mestre em prática, é sucesso garantido!



Ao final desta matéria, externamos nossos mais sinceros votos de paz, amor, gratidão, carinho e respeito aos nossos mestres, professores, instrutores e pessoas que, de uma forma ou outra, contribuíram e ainda contribuem para nosso crescimento como melhores profissionais e pessoas.


Sem vocês, professores, estas palavras não teriam sequer saído de nossos corações, e nossos sonhos não teriam conquistado base firme e sólida para serem construídos. A todos vocês, um feliz, amado, saudável e abençoado Feliz Dia do Professor!!! Ou, como dizem os japoneses, Doumo arigatou gozaimasu, Sensei!

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