Cats - um espetáculo eletrizante
- Angers Moorse
- 20 de mai. de 2020
- 6 min de leitura
Atualizado: 25 de mar. de 2021

Salve, salve, galera! Para os amantes de um bom musical, trazemos mais uma obra-prima. Se você não tem alergia a gatos e gosta de algo eletrizante, então achou seu musical preferido!
Para quem ainda não sabe, recentemente, a Universal liberou várias das grandes peças de teatro da Broadway em seu canal oficial no YouTube, “The Shows Must Go On”. A iniciativa foi para oferecer uma experiência única aos espectadores e, da mesma forma, valorizar as pessoas envolvidas nesses espetáculos. A cada semana, sempre às sextas, uma peça é liberada na íntegra e fica disponível por até 48 horas para visualização. Depois disso, ela fica indisponível e outra peça entra no lugar.
A primeira peça a ser exibida foi “Jesus Christ Superstar”, no dia 03 de abril. Depois, foi a vez de “Joseph and the Amazing Technicolor® Dreamcoat”, no dia 10 de abril. No último dia 17 de abril, quem abrilhantou foi “The Phantom of The Opera”. Dia 24, foi a vez de “Love Never Dies”. Para o dia 01 de maio, o grande show em tributo às composições de Andrew Lloyd Webber, “Andrew Lloyd Webber’s Royal Albert Hall Celebration”. Quem deu o ar da graça em 08 de maio foi “By Jeeves!”. E, no último dia 15 de maio, foi a vez dos gatos entrarem no palco, com o aclamado musical “Cats The Musical”. Alisem seus pelos e preparem aquele miado esperto, porque o show dos gatos vai começar!
Para quem assistiu ao filme “Cats”, lançado em 2019, certamente notará as diferenças entre o filme e o musical, principalmente no aspecto dos figurinos e maquiagem. Nem o elenco de peso (Judi Dench, Taylor Swift, Idris Elba e Jennifer Hudson) foi capazes de salvar o filme, que teve visuais pra lá de bizarros. O triste disso é que muitas pessoas resolveram “descer a marreta” no musical por causa do filme, o que acho um absurdo. Afinal, como diz o filósofo Wanderley Luxemburgo, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Então, vamos esquecer por ora o filme e ver o quão empolgante é o musical.
Se você não conhece a trama, não se assuste. É preciso entendê-la primeiro para captar a essência do musical, pois a falta de entendimento pode levar o espectador a ficar perdido na história. Mas, depois que a ideia central é absorvida, é só curtir o espetáculo.
A história é focada em uma tribo de gatos chamada de Jelliccle Cats que, uma vez por ano, reúnem-se para comemorar o Jellicle Ball. Nessa data, um dos gatos é escolhido pelo Velho Deuteronômio, o mais sábio dos gatos, para renascer em uma vida melhor no Heaviside Layer (uma espécie de paraíso ou céu). Não fica claro se o gato escolhido renasce como gato ou humano (isso nem aparece no livro que deu origem ao musical, “Old Possum’s Book of Practical Cats”, escrito por T. S. Eliot em 1939.
Durante o espetáculo, conhecemos os diversos gatos da tribo. Tem gatos e gatas para todos os gostos: gordinho, manhoso, desconfiado, ranzinza, high tech (ficou insano!), sábio, perigoso, sensual e desprezado… até gato mágico aparece no musical!

Inicialmente, destaque e aplausos em pé para a equipe de cenografia, figurino e maquiagem… FANTÁSTICO!!! Esqueçam os visuais sinistros e zoados do filme… no musical, são praticamente perfeitos! O mais bacana é que cada visual foi feito de acordo com as características do personagem, ou seja, reflete totalmente a personalidade do gato/gata.
O cenário é único (como se fosse uma rua ou lixão abandonado, com carros, sucata e muitos lugares para um gato se esconder) e não há troca de figurino para os personagens, o que não afeta em nada a experiência daqueles que gostam de visuais e figurinos sofisticados. Afinal, o simples também é sofisticado.
Como não há discursos ou falas durante todo o espetáculo (apenas em alguns breves momentos isso acontece), o foco é totalmente nas músicas e coreografias. Algumas delas, como a “Jellicle Ball”, chegam a durar 10 minutos sem paradas… haja fôlego para cantar, dançar e pular em todos os cantos do palco! Na boa, para sobreviver a apenas dois minutos dessa música, eu precisaria de, pelo menos, uns dois anos de preparação física para chegar perto do que os atores e atrizes fazem… é surreal!
Todas as músicas foram compostas por Andrew Lloyd Webber (esse cara é mitológico como compositor!) a partir de 1977, passeando por diversas vertentes, como pop, music hall, jazz, rock e música eletroacústica. A maior parte das músicas está relacionada a uma coreografia específica e, as coreografias, a um correspondente gato. Vale a pena curtir toda a trilha sonora com calma.
Agora, vamos falar sobre os gatos/gatas. Gumbie, Rum Tum Tugger, Bustopher Jones, Mungojerrie & Rumpleteazer, Gus, Skimbleshanks, Rumpus, Macavity, Mr. Mistoffelees, Old Deuteronomy e Grizabella são os personagens principais da trama… fora os gatos coadjuvantes (que mandam muito bem).
Para não deixar a resenha longa demais, foco apenas nos principais, ou nos que mais gostei (o que não significa que os outros não me agradaram). Para começar, temos o Rum Tum Tugger (John Partridge)… lembrei na hora do lendário David Bowie ao ver esse gato (não me perguntem o porquê, pois não descobri ainda). Pensa num bicho marrento e cheio de si… chegou tocando o terror e deixando as gatas no cio!
Mungojerrie (Drew Varley) & Rumpleteazer (Jo Gibb) possuem uma das coreografias mais legais do espetáculo… os dois são um show à parte! Rápidos, arteiros e espertos, são cheios de malandragem e astúcia… curti demais eles!

Rumpus (Frank Thompson) foi o gato mais irado (disparado!) do musical… e nem digo isso por causa da coreografia que foi fantástica. Foi o primeiro gato high tech que vi na minha vida… figurino sensacional, mais parecendo um super-herói dos gatos! Roupa preta estilosa, cabelos ao vento, garras pontudas e óculos com luzes vermelhas piscando… a cena em que ele aparece é de pirar! Aliás, quero um par de óculos desses de presente!
Impossível não se emocionar com Gus, o Gato do teatro (John Mills)! Não sei se o personagem é assim ou se o ator que o interpreta sofre de Mal de Parkinson (até pesquisei sobre isso, mas não achei nada oficial), mas a presença dele no palco é cativante! Até pareceu que fizeram uma espécie de homenagem a ele na cena… isso fica perceptível através da letra da música que ele canta, das lamentações sobre o teatro antigo em comparação com o moderno e de como os tempos não são mais como eram antigamente. Rolou até um fantasma sinistro indo buscá-lo ao final da cena… de arrancar algumas (várias) lágrimas!
E o “vilão” do espetáculo não deixou o nível baixar… Macavity (Bryn Walters) estava animal! O visual dele foi muito bem elaborado e fez muito gato dar pulo na primeira cena em que aparece. Lembrou um pouco daqueles demônios existentes nas culturas e mitologias africanas, tanto pela máscara (ou maquiagem) quanto pela postura agressiva. O número musical que o apresenta também é sensacional… lembrou bastante dos filmes de gângster… muito show!
Munkunstrap (Michael Gruber) foi o principal narrador durante toda a história e, na minha opinião, o melhor visual de todos os gatos… simplesmente fantástico! Até rolou uma fight insana entre ele e Macavity… a coreografia dessa luta deixa Mortal Kombat e Street Fighter no chinelo!
Victoria (Phyllida Crowley Smith) foi magnífica durante toda a peça… posso dizer que é uma verdadeira “gata”! A cada performance dela, precisava segurar o queixo para não cair… uma gata bailarina que deixou muito gato maluco! A postura cênica perfeita e a facilidade e expressão nos movimentos é hipnotizante… impossível não ficar apaixonado por ela!
Não posso deixar de falar no Velho Deuteronômio (Ken Page), o mais sábio e antigo dos gatos Jellicle. Com postura quase paternal, olhar doce e voz marcante, cativou os corações de todos logo na primeira aparição! Com figurino impecável e postura imponente, foi preciso em todas as cenas… e que voz, senhor!
Para terminar, não tem como deixar a minha personagem favorita de fora… Grizabella (Elaine Paige) ganhou meu coração, alma e espírito nesse musical! Uma personagem com um passado condenável, buscando redenção e sendo desprezada e zombada por todos dentro da própria tribo.
Em vários momentos, ela fez meu coração ficar apertado… mas, ao ouvir a primeira nota da música “Memory”, os arrepios e lágrimas vieram à tona, não teve jeito! Uma das músicas mais marcantes e emocionantes da história, que traz em si fortíssima carga dramática, quase que um clamor por renascimento e redenção… derrete qualquer iceberg!
Todos os personagens foram sensacionais, mas os citados acima mereceram destaque maior nessa resenha. E Não podemos deixar de falar do final do musical, que foi, sem a menor sombra de dúvidas, um dos mais impressionantes e emocionantes de todos os musicais que já vi… e, muito disso, graças à personagem Grizabella, a escolhida para renascer (com todos os méritos, diga-se de passagem)! A cena final foi DIVINA!
Minha opinião sobre o musical? Eletrizante, emocionante e empolgante! Mais um musical que mexe com os sentimentos mais profundos e traz reflexões interessantes sobre não julgar os outros pelos erros do passado (deixamos essas reflexões para outra conversa). Sem sombra de dúvidas, está no meu Top 5 dos musicais!
Gostou da resenha? Então, deixe nos comentários o que achou do musical. Nos encontramos na próxima resenha!
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