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What If...? - Episódio 4

  • Foto do escritor: Angers Moorse
    Angers Moorse
  • 3 de set. de 2021
  • 11 min de leitura


Salve, salve, galera! Se o episódio anterior me deixou dividido, o quarto episódio me bugou completamente, além de ter sido de partir o coração. De longe, o episódio mais emocionante e insano da série até o momento, superando até mesmo o de Chadwick Boseman no quesito lágrimas nos olhos.


Só digo uma coisa: tente eternamente assistir a esse episódio sem derramar ao menos uma lágrima e fracasse em todas as tentativas… ver Stephen Strange tentando salvar a vida de sua amada e fracassando em todas essas tentativas é de uma agonia intensa.


Mas, espere aí… como assim, tentar salvar a vida da amada? Ela não ficou viva ao final de Doutor Estranho? No filme, sim, mas na série ela já bate as botas na primeira cena. E essa é a parte mais incrível da premissa do episódio, que é: o que teria acontecido se Stephen Strange não perdesse as mãos no acidente, mas a pessoa que mais amava no mundo?


A partir dessa premissa, já podemos começar a teorizar algumas coisas bem interessantes e que, ao mesmo tempo que nos deixam super empolgados para Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, nos deixam com os neurônios fritando a respeito de tudo o que aconteceu nas fases anteriores do UCM.


Antes de entrarmos a fundo nas teorias, cabe ressaltar que o episódio é de uma fotografia impecável, repleto de efeitos e cores intensas e pulsantes, que nos remetem ao mundo da magia e das artes místicas de forma envolvente e imersiva. Você se sente dentro de cada cena e como se fizesse parte de tudo aquilo… impecável!


A trilha sonora também foi incrível, dando a carga emocional e a profundidade certa durante todo o episódio. E é até interessante pensarmos um pouco em como seria ver o episódio sem a trilha sonora. Apostaria minhas fichas que não teria sido tão emocionante, angustiante e intenso quanto foi com a trilha sonora rolando.



Elogios à parte, vamos ao que interessa. A primeira grande diferença é em relação ao próprio Stephen Strange. No filme, ele é um babaca arrogante que não está nem aí para nada nem ninguém, apenas a própria carreira. Nem mesmo a relação dele com a Dra. Christine Palmer tem prioridade em sua vida. Porém, no episódio os dois pombinhos já estabeleceram um romance prévio e Strange é muito mais apaixonado, cavalheiro e romântico.


Essa mudança de comportamento é o que faz com que o espectador tenha conexão imediata com o personagem e crie laços afetivos já de cara… e é também o que torna sua perda muito mais sentida, ampliando exponencialmente a carga emocional e o drama durante a trama.


A segunda grande mudança entre o que já vimos na Linha Sagrada do UCM e o que rolou no episódio é o acidente de Stephen Strange. No filme, ele está sozinho no carro e perde as mãos. Já, aqui ele está junto de Christine e é ela quem morre, sem que Strange sofra qualquer outro tipo de dano… obviamente, à exceção do coração despedaçado pela morte da amada.


Se você lembra do filme Doutor Estranho, Stephen Strange vai a um evento de gala junto à Sociedade de Neurologia, após uma arriscada e bem sucedida cirurgia chamada Hemisferectomia Radical. Já ouviu falar desse tipo de procedimento cirúrgico? Não? Pois saiba que ele existe na vida real e é tão raro e arriscado quanto no filme ou no episódio.


Essa cirurgia consiste em retirar metade do cérebro para tratar tumores cerebrais malignos e pode ser feita através da remoção de forma parcial ou total de um dos hemisférios do cérebro. Ela é considerada apenas como última instância dentro da medicina e possui indicação para sua realização em idades entre 3 meses a 11 anos.


Para um adulto, é impossível viver sem uma das metades do cérebro, mas quando essa cirurgia é feita dentro dessa faixa etária (preferencialmente entre 4 a 5 anos), a metade restante do cérebro pode substituir a que foi removida, proporcionando uma vida normal na fase adulta.


A primeira realização desse procedimento foi no ano de 1923 por Walter Dandy, e foi um sucesso à época, rendendo a ele duas indicações para Prêmio Nobel de Medicina (1937 e 1938). Esse tipo de cirurgia foi uma verdadeira revolução à época e traçou novos caminhos dentro da neurologia.


Bem, para nós o que importa é a questão de “retirar metade do cérebro”. Guardem essa premissa para a principal analogia da série… em breve, vocês entenderão do que estou falando, afinal, ela é muito importante para entender algo que a Anciã fez em determinado ponto da trama.



Após o acidente, ele acaba indo buscar respostas e encontra as artes místicas e a magia, tornando-se um especialista no assunto. Com todo o conhecimento e dedicação, ele se torna o Mago Supremo, enfrenta e derrota Dormammu e salva o mundo. Um detalhe interessante é que como ele não sofreu danos nas mãos por causa do acidente, possui maior facilidade para realizar as magias. Porém, sua jornada ainda parece não estar completa.


Tentando se utilizar da Jóia do Tempo (o Olho de Agamotto), ele decide contrariar os avisos de Wong (de novo ele tentando alertar Strange para não fazer besteira) e tenta voltar ao passado para salvar a vida de Christine… e é justamente aí que as coisas saem do controle e a piração começa.


Como sabemos das regras de viagem no tempo, não é possível reverter os acontecimentos do passado. Cada vez que você volta ao passado e muda algo, você não altera aquela linha temporal, mas cria uma linha alternativa. Ou seja, além da linha principal não ser alterada, você cria uma nova realidade. Começou a pensar na mesma coisa que eu?


A cada tentativa de Strange em tentar salvar Christine, uma nova linha do tempo era criada, o que nos remete imediatamente à cena final de Loki, quando Mobius e a Agente B-15 olham para o monitor e acompanham várias linhas temporais surgindo… será que essas linhas não estavam sendo criadas por ele e nós fomos levados a pensar que a culpa era de Sylvie por ter matado Aquele que Permanece? Tem coisa aí.


Parece que tanto os acontecimentos de WandaVision, Loki, What If…? e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa acontecem meio que ao mesmo tempo e já está ficando complicado descobrir o culpado pela bagunça toda. Essa parte já começou a fritar meus neurônios… e olha que era apenas o começo!


Lembra do filme Vingadores: Guerra Infinita, no qual o Doutor Estranho viaja pelas mais de 14 milhões de possibilidades para ver apenas uma na qual eles derrotam Thanos? Ele faz praticamente a mesma coisa aqui, tentando encontrar alguma forma de impedir a morte de sua amada. Porém, ao não conseguir nada, decide ir atrás de sua última esperança.



E é aí que a brincadeira começa, pois ele é confrontado pela Anciã, que decide se arriscar em um plano meio suicida. Lembra da Hemisferectomia Radical? Então, a lógica foi mais ou menos a mesma: dividir Stephen Strange em dois, na esperança de que sua parte boa (Doutor Estranho) derrotasse a parte má (Doutor Estranho Supremo).


Achou pouca a piração? Senta, que tem mais! Ao buscar pelos Livros Proibidos de Cagliostro e acumular mais poder para conseguir trazer Christine de volta à vida, Stephen Strange acaba conhecendo O'Bengh, o bibliotecário da biblioteca secreta de Cagliostro. Mas, quem é esse mago afinal?


Na vida real, Alessandro, Conde de Cagliostro, um viajante, ocultista, alquimista, curandeiro, hipnólogo e maçom. Ele nasceu em Palermo/Itália em 2 de junho de 1743 e morreu na prisão em 28 de agosto de 1975, em Roma/Itália. Cagliostro foi um “cientista” e um dos muitos que tentaram recriar o “elixir da eterna juventude”.


Dentro da mitologia da Marvel, ele é Giuseppe Balsamo, mas também é conhecido por outros nomes, incluindo O'Bengh (sim, o bibliotecário é o próprio Cagliostro!). Apareceu nas HQs Dracula Lives #1 (1973), Aventuras Macabras #10 (1978), Homem de Ferro: Nos Tempos do Rei Arthur #11 (1986) e Os Vingadores #5 (2015).



Ele é um dos primeiros magos extremamente poderosos e foi responsável por aprofundar os estudos sobre viagem no tempo e imortalidade, estudando e praticando magias por milênios, além de escrever seus conhecimentos no seu famoso livro. Inclusive, ele aprendeu muito sobre magia e aprimorou seus poderes através do Darkhold (sim, o mesmo livro que está em posse da Feiticeira Escarlate no momento).


Bem, a questão é que Stephen Strange resolve estudar tudo na biblioteca secreta e começa a tretar com várias criaturas místicas e mágicas, e é aquela coisa… se elas não colaboram por bem, vão colaborar por mal. Strange começa a absorver todos os poderes dessas criaturas ao longo de centenas de anos até chegar na última criatura, um polvo gigante cheio de tentáculos.


Peraí... será que é o mesmo polvo que apareceu no episódio 1 da série??? Será que é mais uma referência a Shuma-Gorath, possível vilão do segundo filme solo do herói? Ou apenas mais uma trollagem da Marvel para cima dos fãs? Coincidência? Acho que não!


Depois de tanto poder acumulado, ele torna-se o Doutor Estranho Supremo que, cá pra nós, ficou badass demais! Se ele já era insano na versão boa, imagina nessa versão maléfica… sinistro pra caramba! Merece até aparecer mais vezes no UCM.



E mais, teve uma luta sinistra e mitológica entre as duas metades do Doutor Estranho e apenas uma delas sobrevive… até os Mantos de Levitação dos dois saem no pau! Só faltou a cena das borboletas da luta entre ele e Thanos em Vingadores: Guerra Infinita no meio da luta.


No final das contas, o Doutor Estranho Supremo acaba absorvendo o lado bom de Stephen Strange e assumindo sua forma maléfica, o que permite com que ele possa trazer de volta Christine… mas não pense que isso é sinal de final feliz. Ao reverter o chamado Ponto Absoluto (a morte de Christine, conforme explicado pela Anciã) na linha do tempo, todo o universo é punido e exterminado, incluindo a própria Christine.


Rolou até uma conversa arrepiante entre o Doutor Estranho Supremo e Uatu, o Vigia. Cara, chorei e me arrepiei com essa cena… foi emocionante, angustiante, tensa e triste pra caramba, mas ao mesmo tempo foi uma das cenas mais lindas que já vi dentro do UCM! Tipo, até escrevendo e lembrando desse diálogo me arrepio… ficou insanamente incrível!


Para colocar a cereja no topo do bolo, um final explodidor de cabeças e neurônios, com a Joia do Tempo mudando de cor (de verde para vermelho) e Doutor Estranho Supremo preso sozinho em um cristal roxo no meio do nada e vendo Christine desaparecer.


Analisando o poder da nova versão do Doutor Estranho, o cara superou até mesmo o poder de um Celestial… ou seja, ele conseguiu alterar as propriedades de uma Joia do Infinito, além de exterminar com um universo inteiro! Taí uma ameaça gigantesca que poderia ser adaptada para o UCM sem problemas… quero ver quem bateria de frente com ele nessa versão overpower!


Sobre as referências, foi um episódio que teve maior conexão com seu respectivo filme. A maior parte das cenas do primeiro filme foram adaptadas quase que perfeitamente na animação. Até mesmo detalhes de iluminação, takes de câmeras, falas e acontecimentos ficaram iguais!


O acidente do carro, a cena em que ele barganha com Dormammu, o treinamento em Kamar-Taj, a cena da maçã, a tirada de sarro de Kaecilius sobre o nome do Mago Supremo, os estudos no Livro de Cagliostro e a morte da Anciã são algumas das cenas fielmente retratadas no episódio e que nos dão aquela sensação gostosa de nostalgia do filme.


Agora, hora de teorizarmos sobre os principais mistérios do episódio. O primeiro deles é: se a morte de Christine é um Ponto Absoluto na linha do tempo, ela deveria ter morrido no filme, certo? Afinal, só com a morte dela Stephen Strange se tornaria o Mago supremo… mas não foi o que aconteceu na Linha do Tempo Sagrada… estranho, não?


Inicialmente, somos levados a crer que Strange está tentando quebrar uma das regras da viagem no tempo, que é a de não interferir em acontecimentos para não criar outras linhas temporais. Porém, há um detalhe a se notar. Nos quadrinhos, o próprio Doutor Estranho explica que há diferença entre a viagem no tempo usando ciência e usando magia.


Enquanto cientificamente não é possível viajar ao passado e alterar eventos sem criar uma nova linha temporal e alterando a principal, quando se usa magia as regras são um pouco diferentes. Ao fazer viagem mágica, é possível alterar o passado sem criar novas linhas, e isso graças aos poderes da Dimensão Sombria (ou Dimensão Escura).


Será que o Doutor Estranho conseguiu reverter a morte de Christine antes do início do primeiro filme e nem ficamos sabendo disso? É uma possibilidade. Outra coisa a se notar é que os poderes da Dimensão Sombria permitem que uma pessoa seja fragmentada em duas e as duas variantes coexistam dentro da mesma linha temporal.


Aliás, foi justamente isso que a Anciã fez com Strange: usar os poderes da Dimensão Sombria para criar duas versões de Stephen Strange e fazer com que elas coexistissem dentro da mesma linha, para que a versão boa derrotasse a versão má. Infelizmente, não foi bem assim que aconteceu.


A próxima pergunta que anda surtando os fãs é: será que o Doutor Estranho do trailer de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o mesmo Doutor Estranho Supremo do episódio? Muito especula-se que seja o caso por conta do comportamento estranho dele ao ajudar Peter Parker. Sinceramente? Acho que não, mas não me surpreenderia se fosse o caso.


Ainda rola o papo de que ele possa ser Mephisto (yes, here we go again!). Se você reparou quando ele absorve aquele dragão vermelho no episódio, suas feições remetem muito a do famigerado demônio… aí já viu, né, internet surtando de vez! Minha opinião: mais dia menos dia, ele vai aparecer, fiquem calmos… mas também não acho que seja agora.



Outra aparição bizarra que tivemos no episódio é daquele polvo gigante, que os fãs estão teorizando que possa ser Shuma-Gorath, principalmente pelo fato de que ele possui a habilidade de viajar entre diferentes dimensões. Como ele já apareceu no episódio da Capitã Carter e aqui novamente e especula-se que o vilão esteja em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, não duvido que não possa ser mesmo ele, embora não tenha certeza. Inclusive, acho que ele pode ser o grande antagonista da primeira temporada da série (aposta minha).


Para finalizarmos, vocês conhecem alguma das criaturas absorvidas pelo Doutor Estranho Supremo? A primeira delas é o nosso misterioso polvo e seus tentáculos. Após, um simpático (só que não) gnomo, depois uma barata bizarra com capa (ele só fica com a capa), seguido do que eu tinha achado ser a Força Fênix. Só que, olhando com calma, pode se tratar da Força Goblin, entidade antagonista da Fênix.


A seguir, um dragão vermelho, que lembra Shou-Lau. Nos quadrinhos, esse bichão tem ligação com Punho de Ferro, Vingadores e X-Men… olho neles, galera! Em seguida, um bode de duas cabeças, que pode ser Two Headed Thing, inimigo do Quarteto Fantástico (Marvel bugando nossas cabeças de novo).


Depois, outras criaturas pra lá de estranhas (e bem interessantes também), como um alce, um dragão sem asas, um lobo, uma serpente, um ogro estranho e uma criatura bizarra cheia de olhos, além de algumas outras bem sinistras… e tudo isso ao longo de muitos e muitos séculos, ao que parece. Para fechar o banquete, um reencontro com nosso velho amigo polvo, que ficou sem alguns tentáculos dessa vez.


Diferente dos outros episódios, não nos foi apresentado o que poderia ter acontecido caso Stephen Strange não se tornasse o Doutor Estranho, mas sim o que aconteceria se ele perdesse seu grande amor. Dessa forma, não tem muito como pensarmos muito à frente sobre o que poderia ter acontecido na Linha do Tempo Sagrada.


Provavelmente, ele não teria se aliado aos Vingadores na luta contra o Thanos. Por outro lado, se fosse essa versão maligna dele, teria peitado o Titã Louco e, quem sabe, até absorvido ele e tomado seus poderes. De repente, até poderia ser a grande ameaça aos heróis… e aí seria bucha.


Resumo do episódio: visualmente perfeito e explodidor de cabeças, mas extremamente tenso, emocionante e triste em sua essência. Tente não se emocionar com este episódio e fracasse miseravelmente em todas as vezes.


Ao mesmo tempo que pode disparar alguns gatilhos em pessoas que já passaram pelo mesmo tipo de situação, ele trouxe todas as 5 fases (ou estágios) do luto: negação e isolamento (1º estágio), raiva (2º estágio), barganha (3º estágio), depressão (4º estágio) e aceitação (5º estágio). E fez isso de forma magistral, mergulhando fundo nos sentimentos, sensações e emoções em cada um desses estágios.


Basta ver o final do episódio, no qual resta apenas um Doutor Estranho Supremo sozinho e isolado (e desolado) preso em uma espécie de cristal roxo em meio a nada que restou da destruição do universo. Acumulou todo o poder que pode para trazer Christine de volta e a ver morrer uma última vez, sem poder fazer nada para reverter.



O mais tenso de tudo foi ver Uatu ouvir aquele clamor desesperado para reverter tudo e se manter firme em sua decisão de não interferir em nada, fazendo exatamente aquilo que o próprio Doutor estranho falou para Tony Stark em Vingadores: Guerra Infinita quando afirmou que deixaria qualquer pessoa morrer para proteger a Joia do Tempo… na prática, provou de seu próprio veneno ao ouvir Uatu negar seu pedido.


E ele deixa uma reflexão muito válida e perturbadora: até onde você iria para tentar salvar alguém que ama? Venderia sua alma ao Mephisto (ops, ao diabo)? Tentaria acumular poder e destruir o mundo por apenas uma pessoa?


A vida é um mistério e jamais saberemos todos os seus segredos. Então, a melhor coisa que você pode fazer no “aqui, agora, este momento” é amar e cuidar com todas as forças de quem você ama para que, quando ela partir, não haja arrependimentos e você não se sinta tentado a fazer alguma maluquice. Nos vemos na próxima semana… isso se ninguém destruir o universo até lá!

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